Wednesday, November 12, 2008

Hulk, o indescritível

O FC Porto venceu o Sporting na mais recente eliminatória da Taça de Portugal, em grande parte graças ao golo de Hulk, titular pela primeira vez na principal equipa do FC Porto (já o tinha sido na Taça, frente ao Sertanense). Se é indesmentível que foi o seu golo que permitiu que o FC Porto marcasse quando nada o fazia prever, pois o colectivo portista não funcionava de todo, é também inequívoco que Hulk continua a exagerar no individualismo, levando quase à loucura os seus companheiros. Se é verdade que pode resolver um ou outro jogo, a probabilidade é que complique em maior número do que aqueles que irá resolver. Como se deverá abordar um jogador com estas características? E como se deverá aproveitá-lo...?

Portugal na UEFA

Graças às maravilhas da tecnologia, pude ver na passada quinta-feira os dois jogos das equipas portuguesas na Taça UEFA. Braga e Benfica tinham a oportunidade de completar o ramalhete de pontuação, depois das vitórias de FC Porto e Sporting nos dias anteriores. Dos dois, a equipa arsenalista era a que tinha uma missão mais difícil, quase hercúlea, ao defrontar o todo-poderoso AC Milan em pleno San Siro. Curiosamente, foi de longe a equipa que melhor se cotou. Ancelotti fez o que costuma fazer nestas ocasiões, mudando o onze titular qualquer por completo. Pirlo, Nesta, Maldini, Seedorf, Ronaldinho, Ambrosini e Abbiatti foram todos relegados para o banco ou para a bancada, inclusive. O Braga, por seu turno, entrou com a equipa mais ofensiva que Jesus costuma colocar a jogar, com Vandinho na parte de trás do losango, Luís Aguiar na frente e César Peixoto e Alan nas alas, com Rentería e Meyong.

Digamos apenas que nunca uma equipa portuguesa terá tido uma oportunidade tão atractiva para pontuar ou quiçá vencer em San Siro (sim, estou ao corrente das vitórias do FC Porto em 1978 e 1996). O Braga jogou de igual para igual com o seu adversário, olhos nos olhos, e foi-lhe superior em muitos momentos, na verdade. Não fosse Rentería e a sua já proverbial repulsa pelos golos, o Sporting de Braga poderia ter trazido na bagagem um resultado histórico. Bateu-se com valentia, mostrando a todos que é possível explorar as fraquezas de todos os adversários, chamem-se eles Milan ou Artmedia. A equipa bracarense perdeu, sim, mas com toda a dignidade, tendo sido abatida apenas no último minuto com um lance de génio de Ronaldinho. Jorge Jesus pode ter perdido, mas percebeu que não precisa de se esconder de ninguém nem de ter vergonha da sua própria equipa. Ao contrário do costume, tive orgulho em ver uma equipa portuguesa na UEFA.

Se ao menos houvesse mais gente assim no país, talvez conseguíssemos fazer entender que somos tão bons ou melhores do que quem nos rodeia - apenas vendemos pior aquilo que fazemos.

Da arbitragem

Sim, tinha dito no primeiro post deste blog que não se falaria aqui de arbitragem. Sim, acho que se perde tempo incontável a discutir pormenores irrelevantes e a fazer uma contabilidade que nunca leva a lado nenhum. E depois, esquecemo-nos de abordar aquilo que interessa mesmo: a incompetência.

Bruno Paixão é um árbitro inolvidável. Regra geral, nunca sei quem são os árbitros dos jogos, porque não preciso de ter os penalties não marcados pelos juízes como pretexto pronto a lançar para justificar resultados. Posto isto, há um árbitro que me tira do sério: Bruno Paixão. Um pouco à imagem de Mariano González (ver texto mais abaixo), não deixa de ser curioso como Paixão continua a ser solicitado para jogos de tamanha importância. Em Alvalade, não marcou penalties, forçou expulsões, não mostrou cartões durante uma parte inteira, para depois os exibir como se estivesse possuído por uma qualquer força exterior. E, no entanto, o orgão responsável pela arbitragem vem dizer que nada se passou de errado e, com sorte, o mesmo árbitro há-de estar presente num jogo da próxima jornada. Quantas vezes é preciso ser-se medíocre (a roçar o muito mau) para se ser considerado incompetente ou para se descer de categoria, pelo menos?

Do jeito

Há jogadores de futebol que não tenho bem a certeza como terão chegado a profissionais. É óbvio que há jogadores com mais ou menos inclinação para a modalidade, com mais ou menos técnica, mas, geralmente, compensam a falta de técnica com outros atributos. Por exemplo, os ingleses estão longe de serem os reis do domínio do esférico, como toda a gente sabe, mas ninguém os supera no que toca ao empenho e dedicação à causa. Se os defesas-centrais britânicos são lentos, são por outro lado duros e impiedosos.

Vem isto a propósito de Mariano González. Como dizia no início, há jogadores de futebol que não tenho bem a certeza como terão chegado a profissionais. Mais, não sei sequer como conseguiu chegar a um clube de primeira divisão da Argentina, ser transferido para Itália, jogar por empréstimo no Inter (!) e ter um clube português a pagar 4,5 milhões de euros pelo seu passe.

Reconheço sem qualquer hesitação que Mariano é um jogador esforçado, inteligente e honesto - coisa rara no futebol dos dias de hoje. No entanto, isso não faz dele um bom jogador de futebol. Jesualdo já tentou colocá-lo a jogar em todos os lados em todas as competições, à espera de uma qualquer epifania, mas creio que o que é demais é erro. Mariano não é rápido, não finta, não é tecnicista, não é um bom recuperador de bolas; na verdade, passar a bola ao destinatário correcto no momento certo é já por vezes um desafio.

É mais do que natural que haja futebolistas deste calibre. Só não consigo compreender como chegam a um clube de segunda linha do futebol europeu - como funcionará afinal o departamento de prospecção...?