Friday, September 4, 2009
Da ganância
O Chelsea foi ontem multado em 910 mil euros e condenado à proibição de inscrição de novos jogadores durantes os próximos 18 meses por ter aliciado Gael Kakuta, um jogador que, na altura, tinha menos de 16 anos - acto proibido de acordo com a regulamentação em vigor. Pessoalmente, esta decisão parece-me extremamente acertada, pois creio ser a única forma de impedir que os clubes de maiores dimensões arrebanhem os jovens mais promissores de outros clubes e países, sem grandes preocupações com o seu desenvolvimento enquanto pessoas ou enquadramento social, algo absolutamente necessário quando falamos de jogadores cuja formação (a todos os níveis) está longe de estar concluída.
Esta questão aborda também um lado comercial, de negócio: a FIFA, a UEFA, as federações e os governos não podem realçar constantemente a importância da formação no desporto (e no futebol em particular) e manter simultaneamente leis que favorecem a contratação quase sem despesas de jovens jogadores, fazendo com que os clubes deixem de promover a formação de desportistas por lhes verem ser subtraídos os seus melhores jogadores mediante uma compensação completamente desajustada. Desse modo, a formação deixa de ser uma aposta para passar a ser uma despesa. Porquê continuar a gastar dinheiro a formar jogadores quando se pode simplesmente ir buscar outros jogadores por bagatelas? De quantos mais exemplos de experiências falhadas deste tipo necessitarão os órgãos responsáveis? Quantos mais jovens com futuros comprometidos na vã esperança de serem o próximo Messi ou Ronaldo serão precisos?
Tuesday, September 1, 2009
Nas nuvens II
Quem também andará por certo nas nuvens serão os adeptos do Inter de Milão. Se a equipa treinada por José Mourinho já me parecia mais forte no papel, vê-la defrontar e aniquilar por completo o onze do recém-chegado Leonardo apenas serviu para constatar que os "nerazzurri" estão consideravelmente mais poderosos do que na época passada. Eto'o e Milito fazem o trabalho que Ibrahimovic nunca quis fazer (embora este tenha mais estilo e panache em tudo o que faça, como se sabe), o que permite à equipa de Mourinho jogar mais alto no terreno, fazendo uma pressão mais eficaz sobre o adversário e oferecendo mais alternativas - tanto ao ataque como ao meio-campo.
Sneijder é incomparavalmente melhor do que Stankovic no papel de 10 e Motta é um jogador útil (apesar de ser excessivamente propenso a lesões musculares). Se Mourinho conseguir manter o seu onze preferido em boas condições de saúde, o Inter será um forte candidato a vencer a Liga dos Campeões.
Nas nuvens
O Benfica alcançou ontem a maior goleada dos últimos 15 anos. Não haverá por certo nenhum adepto benfiquista que não se encontre neste momento nas nuvens. Com efeito, a turma da Luz conseguiu fazer algo em que revelava muitas dificuldades no ano passado: "matar" o jogo. Uma das pechas da equipa então treinada por Quique Flores passava precisamente pela falta de poder anular de vez adversários que apresentavam fragilidades evidentes, como ontem foi o caso do Vitória de Setúbal.
Não creio que esta vitória possa ser analisada à luz de um jogo normal, dado que a oposição se apresentou demasido exposta. Por outro lado, não é normal ver o onze do clube encarnado correr até não poder mais ao minuto '89, quando o resultado já mostrava uma vantagem de oito (!!) golos. Esta marca poderá ser um excelente tónico para os lados da Luz, especialmente porque é seguida de duas semanas sem campeonato nacional. Para aqueles que não puderam acompanhar o ritmo desenfreado dos golos, aqui fica um breve resumo.
Não creio que esta vitória possa ser analisada à luz de um jogo normal, dado que a oposição se apresentou demasido exposta. Por outro lado, não é normal ver o onze do clube encarnado correr até não poder mais ao minuto '89, quando o resultado já mostrava uma vantagem de oito (!!) golos. Esta marca poderá ser um excelente tónico para os lados da Luz, especialmente porque é seguida de duas semanas sem campeonato nacional. Para aqueles que não puderam acompanhar o ritmo desenfreado dos golos, aqui fica um breve resumo.
Monday, August 31, 2009
Da organização
Depois de ver a primeira parte do Benfica-Vitória de Setúbal, não consigo deixar de pensar na desorganização que parece reinar no clube a todos os níveis. Na verdade, não há como não ficar espantado com o facto de o próprio treinador dos sadinos, Carlos Azenha, ter afirmado que, não obstante o clube ter 17 atletas em fim de contrato, não havia um único atleta referenciado pelo departamento de prospecção - particularmente difícil quando não existe um departamento de prospecção. Como consequência directa, Azenha organizou nas últimas largas semanas uma espécie de campo de férias para jogadores livres; na verdade, o número de atletas que foram treinar à experiência cifra-se algures entre as três e quatro dezenas. Como se pode pedir depois algum tipo de competitividade a uma equipa formada deste modo?
Por último, gostaria apenas de referir algo que continua a parecer-me óbvio: o Setúbal entrou no relvado do Estádio da Luz temeroso, organizado num 5-3-2, com vários jogadores fora das suas posições, sendo que Azenha parecia querer transmitir uma mensagem clara de defesa recuada, aparentemente sem qualquer ideia de contra-ataque. Continuo em crer que os jogadores de futebol se regem muito mais por mensagens óbvias, como o onze escalado, por exemplo. Não creio que tenha sido por acaso que os melhores resultados do FC Porto de Jesualdo Ferreira (cujas "invenções" já aqui tinha criticado anteriormente) começaram a surgir quando as invenções desapareceram. Ajustar a equipa em função do adversário, sim; perder a identidade parece-me sempre contraprodutivo.
Para inglês ver?
De quando em vez, tenho a sensação de que viver em Portugal se assemelha a uma importação barata de um mau filme de série B de uma qualquer cave de Hollywood. Não ultrapassando a esfera do futebol (porque não é este o intuito deste blogue), não posso deixar de expressar a minha incompreensão face a todos os Dragon Seats, Red Passes e Game Boxes que pululam por aí. Pasmo que o apelo dos departamentos de marketing e comunicação passe realmente por algo tão descaradamente desenxabido. Não padecendo de um qualquer enviesamento nacionalista, sinto-me perfeitamente à vontade para criticar esta descaracterização do futebol e, por conseguinte, do país.
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