Não fujo à regra. Jogo em partidas de "solteiros contra casados" (embora, agora que penso nisso, não esteja a ver nenhum solteiro) sempre que posso (e são sempre menos vezes do que eu gostaria). Por mim, jogava todos os dias umas duas horinhas. Perca ou ganhe, venho sempre mais contente, mais cansado, mais sorridente e até "mais alto", de peito feito. A minha "panca" (como diria a minha Mãe) roça a imodéstia de estar constantemente a pensar no que faria se estivesse na pele dos jogadores que estou a ver na televisão ou no relvado. Penso nas linhas de passe ou de intercepção dos adversários, admiro basicamente qualquer um que consiga desequilbrar no um-para-um - qualidade que não tenho de todo -, mas critico-os fortemente se não têm humildade de correr atrás da bola que perdem. À conta disso, fui conseguindo evoluir de guarda-redes mediano para defesa/fixo igualmente mediano, mas retirando outro prazer de construir jogadas ou evitar golos adversários.
Ao longo de todos os jogos que fiz, fui sempre avaliando oponentes, companheiros de equipa, equipas que jogavam a seguir à minha, etc. Traçava o perfil de cada um o melhor que podia para tentar antecipar-me às suas qualidades, resguardando os meus defeitos. Sou no fundo aquilo a que se chama um italiano "à portuguesa". Em muitos desses jogos, tive o privilégio de jogar com alguns dos melhores jogadores que já vi jogar, seja na primeira divisão ou no mesmo campo do que eu.
No entanto, este texto serve apenas para distinguir dois deles. O primeiro joga numa posição muito pouco convencional em Portugal (na sua acepção mais vulgar): pivot. Fantástico a segurar tanto o seu marcador - com um jogo subterrâneo dos mais "chatos" que é possível imaginar - como a bola, servia sempre de ponto de apoio para o jogo da equipa, dando-lhe um balanço quase impossível de ter de outra forma. Perito em jogar de costas para a baliza, é dono de uma finalização bastante apurada e de uma óptima visão de jogo, tanto para se desmarcar como para assistir companheiros. Peca por nem sempre ter vocação para defender e levou comigo frequentemente "nas orelhas" por falhar a marcação ou perder a cabeça de quando em vez, naquele seu jeito brasileiro de dar tudo o que tem, vencer e, se possível, humilhar e enervar o adversário. Equipa que o tenha raramente perde um jogo. O seu nome é Nazir.
Toda a gente tem um primo, pelo menos. É daquelas frases que assusta só de ouvir. "O meu primo é mecânico e é muito jeitoso." "Tenho um primo que te faz um desconto nessas botas, se precisares, ali para os lados de Lousada." "Não posso ir hoje, fiquei de ir levar uma coisa ao meu primo." "Eu levo o meu primo, é bom jogador." Aqui entre nós, todas as frases são uma grande aldrabice pegada, com as devidas e honrosas excepções. Pois bem, a última frase é no meu caso uma verdade do tamanho do mundo. Quando eu era miúdo, o tal "meu primo" (Ricardo, para quem não souber) já me deixava desconfiado de que havia ali qualquer coisa. Uma vez, tinha ido ele fazer uns treinos ao FC Porto, o meu irmão perguntou-me: "o Ricardo joga bem, não joga?". Eu respondi que era mesmo muito bom e que não era só por ser "nosso primo". Na verdade, tornou-se um jogador muito melhor do que o que já era. Tenho pena que não tenha enveredado pela carreira futebolística. Tê-lo-ia ido ver a todos os jogos que pudesse.
Hoje, passados uns anos, jogamos menos vezes do que já chegámos a jogar (o facto de sermos mais velhos, tais como os possíveis adversários, e morarmos em cidades diferentes não ajuda muito). No entanto, não consigo deixar de sorrir sempre que sei que vou jogar com ele. Na verdade, mesmo quando jogo contra ele, dou uns chutos na bola enquanto sorrio por dentro ao ver o que ele é capaz de fazer. Sempre sóbrio, tem um pé esquerdo muito bom, mas a sua grande vantagem é ser inteligente, rápido e tomar boas decisões no momento certo. Tem uma excelente visão de jogo e sabe descodificar as movimentações da sua equipa e dos adversários como conheci poucos ao longo da minha vida. Sabe sempre o que está a acontecer em cada momento dos jogos, sejam os seus ou os das equipas que vê na televisão.
Hoje é dia de jogo e o Ricardo vai jogar. Pouco me importa o resultado. O Ricardo vai jogar e eu já sorrio.
Friday, June 13, 2008
Não fui eu que escrevi, mas podia muito bem ter sido
Mais um texto fantástico de Sérgio Pereira, do MaisFutebol, polvilhado por momentos fantásticos de humor. O retrato muito aproximado do que se vai passando cá em casa, também.
É uma casa portuguesa, com certeza
Sérgio Pereira
- Querido, olha para mim!
- O que é?
- Ainda não olhaste...
- Pintaste o cabelo!
- Não.
- As unhas?
- Não.
- Foste ao solário?
- Não.
- Podemos ter esta conversa depois?
- Não.
- Estás a tornar-te um bocadinho repetitiva...
- Querido, olha!
- Dá-me dez minutinhos que depois tenho o tempo todo para ti.
- Não tens nada.
- Pois não, mas tenho um quarto-de-hora enquanto não começa a segunda parte.
- O futebol é mais importante para ti do que eu, não é?
- Não é nada.
- Outro dia li no jornal que os homens portugueses preferem sexo ao futebol.
- Sim, mas nessa altura já se sabia que o F.C. Porto ia ser campeão.
- Tu parece que preferes o futebol ao sexo...
- Depende de com quem é o sexo.
- O quê?!
- Estava a brincar.
- Por que é que nesta altura tenho que disputar a tua atenção com o futebol?
- Porque gostas de desafios difíceis. Foi por isso que me apaixonei por ti.
- Então amanhã podíamos ir ver o jogo de Portugal no ecrã gigante da Praça do Município?
- Podíamos. E levámos uns confettis e um cartaz: «Scolari dá-me o teu bigode».
- Estou a falar sério.
- Isso é que me assusta.
- Qual é o problema de irmos ver o jogo à praça?
- Por que é que não vais com as tuas amigas?
- Querido, temos de repensar a nossa relação.
- É Junho de um ano par, não devíamos estar a discutir coisas mais importantes?
- Como o quê?
- Olha, por exemplo: como é que deixámos acabar as cervejas no frigorífico?
- Para mim chega. Vou sair e não sei se volto.
- Tu é que sabes, mas olha que à noite faz frio.
- Por haver homens como tu é que as inglesas vão às compras enquanto os maridos vêem o Europeu...
- O que não é uma ideia completamente disparatada, pois não?
- É isso que queres?
- Claro que não. A não ser que tragas cerveja quando voltares.
É uma casa portuguesa, com certeza
Sérgio Pereira
- Querido, olha para mim!
- O que é?
- Ainda não olhaste...
- Pintaste o cabelo!
- Não.
- As unhas?
- Não.
- Foste ao solário?
- Não.
- Podemos ter esta conversa depois?
- Não.
- Estás a tornar-te um bocadinho repetitiva...
- Querido, olha!
- Dá-me dez minutinhos que depois tenho o tempo todo para ti.
- Não tens nada.
- Pois não, mas tenho um quarto-de-hora enquanto não começa a segunda parte.
- O futebol é mais importante para ti do que eu, não é?
- Não é nada.
- Outro dia li no jornal que os homens portugueses preferem sexo ao futebol.
- Sim, mas nessa altura já se sabia que o F.C. Porto ia ser campeão.
- Tu parece que preferes o futebol ao sexo...
- Depende de com quem é o sexo.
- O quê?!
- Estava a brincar.
- Por que é que nesta altura tenho que disputar a tua atenção com o futebol?
- Porque gostas de desafios difíceis. Foi por isso que me apaixonei por ti.
- Então amanhã podíamos ir ver o jogo de Portugal no ecrã gigante da Praça do Município?
- Podíamos. E levámos uns confettis e um cartaz: «Scolari dá-me o teu bigode».
- Estou a falar sério.
- Isso é que me assusta.
- Qual é o problema de irmos ver o jogo à praça?
- Por que é que não vais com as tuas amigas?
- Querido, temos de repensar a nossa relação.
- É Junho de um ano par, não devíamos estar a discutir coisas mais importantes?
- Como o quê?
- Olha, por exemplo: como é que deixámos acabar as cervejas no frigorífico?
- Para mim chega. Vou sair e não sei se volto.
- Tu é que sabes, mas olha que à noite faz frio.
- Por haver homens como tu é que as inglesas vão às compras enquanto os maridos vêem o Europeu...
- O que não é uma ideia completamente disparatada, pois não?
- É isso que queres?
- Claro que não. A não ser que tragas cerveja quando voltares.
Thursday, June 12, 2008
Uma última adenda
Em relação ao post anterior, ficaram a faltar-me dois jogadores que poderão ser (ou não) considerados surpresas:
- Pawlyuchenko - Avançado russo, mais posicional do que o normal, mas com movimentos muito interessantes, excelente atitude no jogo contra a Espanha, boa facilidade de remate e pormenores muito bons, de quem tem uma boa escola.
- Sionko - Um daqueles jogadores que eu gostaria de ter, se fosse treinador. Diria que é um Sneijder checo, mais contido, menos explosivo, mas que compensa essas "falhas" com uma entrega notável e uma inteligência de movimentos e de jogo a seguir.
Uma questão de timing
Scolari é o novo treinador do Chelsea. A notícia foi veiculada pelo site do próprio clube inglês ontem à noite e apanhou uns quantos de surpresa, entre os quais me incluo. Gostaria de dividir a questão em duas partes: razoabilidade da escolha de Abramovich e timing.
Pessoalmente, estou muito curioso em ver o que Scolari é capaz de fazer num clube de topo, com elevadas exigências e uma atenção mediática quase sem par. Se Scolari se zanga com os brandos jornalistas portugueses por lhe colocarem questões que não aprecia, creio que é capaz de os valorizar de outra forma quando conhecer os célebres paparazzi britânicos, especialmente se ele reagir com o seu habitual feitio irascível. Para além do mais, a cultura do futebol britânico poderá coincidir com a sua em termos de futebol guerreiro, mas lembremo-nos que Mourinho foi despedido por "oferecer pouco espectáculo". A fasquia para Scolari estará mais alta do que nunca (Abramovich despediu Mourinho e, alguns meses volvidos, o seu sucessor que levou o clube a lutar pelo título até à última jornada e à final da Liga dos Campeões) e todos os olhos estarão atentos. A ver...
Por outro lado, temos a questão do momento (in)oportuno do comunicado. O técnico brasileiro fez questão de dizer que só tratava do seu futuro depois do Europeu, entre muitas outras coisas, e o anúncio surge antes da ponta final de uma competição muito importante para os portugueses por todos os motivos. Creio que Scolari se pôs a jeito de ouvir as críticas (a menos que vença o Europeu) vindas de todos os quadrantes. Não quero com isto dizer que Scolari não devesse ter agido em favor dos seus interesses, bem pelo contrário, mas creio que pecou imenso pelo timing. Com que moral poderá pedir a Cristiano Ronaldo que não fale do Real ou a outros jogadores que se concentrem na selecção? Por mais que afirme já ter informado os jogadores, os líderes vêem-se muito mais pelo exemplo do que pelas palavras...
Pessoalmente, estou muito curioso em ver o que Scolari é capaz de fazer num clube de topo, com elevadas exigências e uma atenção mediática quase sem par. Se Scolari se zanga com os brandos jornalistas portugueses por lhe colocarem questões que não aprecia, creio que é capaz de os valorizar de outra forma quando conhecer os célebres paparazzi britânicos, especialmente se ele reagir com o seu habitual feitio irascível. Para além do mais, a cultura do futebol britânico poderá coincidir com a sua em termos de futebol guerreiro, mas lembremo-nos que Mourinho foi despedido por "oferecer pouco espectáculo". A fasquia para Scolari estará mais alta do que nunca (Abramovich despediu Mourinho e, alguns meses volvidos, o seu sucessor que levou o clube a lutar pelo título até à última jornada e à final da Liga dos Campeões) e todos os olhos estarão atentos. A ver...
Por outro lado, temos a questão do momento (in)oportuno do comunicado. O técnico brasileiro fez questão de dizer que só tratava do seu futuro depois do Europeu, entre muitas outras coisas, e o anúncio surge antes da ponta final de uma competição muito importante para os portugueses por todos os motivos. Creio que Scolari se pôs a jeito de ouvir as críticas (a menos que vença o Europeu) vindas de todos os quadrantes. Não quero com isto dizer que Scolari não devesse ter agido em favor dos seus interesses, bem pelo contrário, mas creio que pecou imenso pelo timing. Com que moral poderá pedir a Cristiano Ronaldo que não fale do Real ou a outros jogadores que se concentrem na selecção? Por mais que afirme já ter informado os jogadores, os líderes vêem-se muito mais pelo exemplo do que pelas palavras...
Os pontos fora das contas
A primeira semana do Europeu não acabou, bem o sei, mas penso que está na altura de tecer algumas considerações extra-Selecção nacional. Gostaria de ressalvar alguns pontos positivos e um ou outro negativo, com algumas previsões pelo meio.
1) Itália. É indiscutível que a Itália foi para muita gente a surpresa (pela negativa) do Europeu, até agora, ao sofrer três golos sem resposta de uma Holanda em quem não parecia haver muita a gente disposta a apostar. Pois bem, pessoalmente, e sem tirar qualquer brilho à exibição da Holanda, continuo a achar, mesmo depois de todas as análises de crise do futebol italiano, da culpa do treinador e do catenaccio, que os transalpinos não jogaram assim tão mal quanto se diz e pensa, embora se tenham colocado numa posição difícil num grupo extremamente complicado. A Itália continua a ter uma estrutura muito forte (apesar de a sua defesa ter dado alguns sinais de instabilidade), com um meio-campo muito bom - Pirlo faz as delícias de qualquer um, jogando como 10 a partir da posição de "trinco", sempre bem resguardado por Ambrosini à esquerda e Gattuso à direita -, um ponta-de-lança que aguenta tudo e todos para distribuir jogo e marcar o seu golo de quando em vez e um Di Natale muito veloz e inteligente. A única pecha parece-me ser mesmo Camoranesi, sempre indeciso entre jogar "à Itália" e "à Juventus". Para mim, a Itália está longe de ter feito o último jogo do seu Europeu.
2) Holanda. Um jogo muito bom, sem dúvida, de uma equipa muito mais equilibrada do que o costume, em parte devido à experiência de homens como Ooijer ou Bronckhorst e ao duo de centro-campistas batalhadores que guardam as costas de um Sneijder sempre fantástico e de um van Nistelrooy sedento de golos, ao que parece. No entanto, a Holanda tem raramente o condão de ofuscar ao início para se desvancer quando verdadeiramente importa. Creio que esta equipa tem bom potencial e alcançou uma excelente vitória frente à Itália, mas já não vai poder ter o estatuto de "dark horse" na segunda jornada.
3) Espanha. Uma boa vitória. É indiscutível que foi frente a uma equipa russa com muito poucos argumentos, ao contrário do que seria de esperar, mas quantos vacilam frente a adversários teoricamente mais fáceis (a própria Espanha que o diga). Espanha tem neste momento duas coisas que raramente teve: dois pontas-de-lança muito bons, que se completam de forma quase absoluta (Villa é para mim um dos avançados mais subvalorizados) e um meio-campo com excelente conhecimento de andamentos de jogo composto por Xavi, Iniesta, Xabi Alonso e Marcos Senna. A defesa parece-me lenta e algo exposta, especialmente quando sujeita a pressão alta. A ver vamos se Aragonés ainda vai a tempo.
4) Rússia e Turquia. Pessoalmente, duas das maiores desilusões. Quanto à Suíça e Áustria, creio que não se podia esperar algo de muito diferente de equipas do segundo/terceiro escalão do futebol mundial. Não estava à espera que tanto Russia como Turquia vencesse o Europeu, mas imaginei que tanto uma como outra selecção fosse conseguir impor algum do seu futebol e causar um ou outro incómodo. Pode ser que ainda vão a tempo, mas os sinais apresentados não deixam antever grandes surpresas..
Posto isto, gostaria apenas de fazer referência a alguns jogadores que se revelaram ou confirmaram o seu estatuto:
1) Itália. É indiscutível que a Itália foi para muita gente a surpresa (pela negativa) do Europeu, até agora, ao sofrer três golos sem resposta de uma Holanda em quem não parecia haver muita a gente disposta a apostar. Pois bem, pessoalmente, e sem tirar qualquer brilho à exibição da Holanda, continuo a achar, mesmo depois de todas as análises de crise do futebol italiano, da culpa do treinador e do catenaccio, que os transalpinos não jogaram assim tão mal quanto se diz e pensa, embora se tenham colocado numa posição difícil num grupo extremamente complicado. A Itália continua a ter uma estrutura muito forte (apesar de a sua defesa ter dado alguns sinais de instabilidade), com um meio-campo muito bom - Pirlo faz as delícias de qualquer um, jogando como 10 a partir da posição de "trinco", sempre bem resguardado por Ambrosini à esquerda e Gattuso à direita -, um ponta-de-lança que aguenta tudo e todos para distribuir jogo e marcar o seu golo de quando em vez e um Di Natale muito veloz e inteligente. A única pecha parece-me ser mesmo Camoranesi, sempre indeciso entre jogar "à Itália" e "à Juventus". Para mim, a Itália está longe de ter feito o último jogo do seu Europeu.
2) Holanda. Um jogo muito bom, sem dúvida, de uma equipa muito mais equilibrada do que o costume, em parte devido à experiência de homens como Ooijer ou Bronckhorst e ao duo de centro-campistas batalhadores que guardam as costas de um Sneijder sempre fantástico e de um van Nistelrooy sedento de golos, ao que parece. No entanto, a Holanda tem raramente o condão de ofuscar ao início para se desvancer quando verdadeiramente importa. Creio que esta equipa tem bom potencial e alcançou uma excelente vitória frente à Itália, mas já não vai poder ter o estatuto de "dark horse" na segunda jornada.
3) Espanha. Uma boa vitória. É indiscutível que foi frente a uma equipa russa com muito poucos argumentos, ao contrário do que seria de esperar, mas quantos vacilam frente a adversários teoricamente mais fáceis (a própria Espanha que o diga). Espanha tem neste momento duas coisas que raramente teve: dois pontas-de-lança muito bons, que se completam de forma quase absoluta (Villa é para mim um dos avançados mais subvalorizados) e um meio-campo com excelente conhecimento de andamentos de jogo composto por Xavi, Iniesta, Xabi Alonso e Marcos Senna. A defesa parece-me lenta e algo exposta, especialmente quando sujeita a pressão alta. A ver vamos se Aragonés ainda vai a tempo.
4) Rússia e Turquia. Pessoalmente, duas das maiores desilusões. Quanto à Suíça e Áustria, creio que não se podia esperar algo de muito diferente de equipas do segundo/terceiro escalão do futebol mundial. Não estava à espera que tanto Russia como Turquia vencesse o Europeu, mas imaginei que tanto uma como outra selecção fosse conseguir impor algum do seu futebol e causar um ou outro incómodo. Pode ser que ainda vão a tempo, mas os sinais apresentados não deixam antever grandes surpresas..
Posto isto, gostaria apenas de fazer referência a alguns jogadores que se revelaram ou confirmaram o seu estatuto:
- Deco - Agastado com as constantes dúvidas em torno da sua atitude e do seu futebol e respaldado no facto de não ter feito demasiado jogos, ameaçou isto desde que chegou à concentração: perfeito domínio dos tempos de jogo, passes de risco de longa distância capazes de fazer tremer as basculações das equipas adversárias, sem medo do jogo. O Deco de antigamente.
- Moutinho - Conforme já expresso noutro ponto deste blogue, impecável a defender, sempre disponível para atacar, não vira a cara à luta e tem sido uma boa parte do segredo desta Selecção.
- Sneijder - Impressionante, este holandês. Inteligente, rápido, excelente primeiro toque e reacção, só tem a melhorar.
- Pirlo e Zambrotta - Apesar de derrotados, creio que merecem um destaque positivo. Pirlo correu a tudo, nunca deixou de pedir bola e tentar organizar jogo, apesar de o jogo nem lhe ter corrido de feição. O todo-o-terreno das laterais Zambrotta acaba o jogo como começou: sempre fresco, pronto a apoiar ataque e defesa, como se estivesse a ouvir música no seu iPod.
- Villa - Diagonais impressionantes, óptima capacidade física, sempre disposto a arriscar e a fazer os movimentos necessários para se libertar a si ou ao seu companheiro de ataque, Fernando Torres. Muito bom, mesmo.
E ainda nem acabou a primeira semana...
Prognósticos da Selecção (no fim do jogo, claro está)
O trabalho é muitas vezes uma desculpa. Dá muito jeito para arranjarmos uma justificação para não fazermos algo que queremos ou, pior, para não fazermos algo que queremos, mas para o qual não temos a força de vontade necessária. Outras vezes há em que é de facto difícil conseguir conciliar tudo - família, vida pessoal, trabalho (sempre em frente ao computador) e... campeonato da Europa de futebol! Com todas estas condicionantes e a miríade de "treinadores de bancada" que por aí andam (alguns deles a comentarem na televisão), quem é que consegue manter um blogue actualizado sobre futebol? Infelizmente, eu falhei redondamente.
Seja como for, aqui vão as minhas considerações - já tardias, pois era minha intenção escrever antes de os jogos começarem, fazer algumas previsões, comentar a exibição de Portugal do primeiro jogo e avançar com alguns dados para o segundo.
Portugal surpreendeu-me. Não tenho qualquer pejo em admiti-lo. Não sou exactamente um dos maiores defensores de Scolari (na minha opinião, tem grandes lacunas ao nível da leitura de jogo e da concepção táctica da sua própria equipa), embora não creia também que só tem defeitos. Acho que é capaz de unir um grupo como poucos, mas que tem momentos em que dá a entender que tanto podia treinar futebol como outra modalidade qualquer. Dito isto, tenho de admitir que Portugal me surpreendeu pela positiva por dois motivos: em primeiro lugar, Simão Sabrosa. Não sendo um apaixonado pelo seu futebol, tenho para mim que confere um equilíbrio muito maior à equipa do que Quaresma ou Nani (temi que Scolari fosse optar pelo maior brilho do campeonato inglês). Ronaldo joga de forma um pouco anárquica na Selecção, voluntária ou involuntariamente, com constantes diagonais para a zona do ponta-de-lança, o que faz com que Simão tenha um papel muito importante numa ala em que o defesa-lateral é adaptado. Quando Ronaldo flecte para o meio, abre espaço a Bosingwa, o qual, quando Portugal constrói as jogadas de trás para a frente, se coloca invariavelmente na linha de meio-campo. Em segundo lugar, Moutinho. Este sim, um dos maiores segredos para o constante fluir do jogo da Selecção. Deco é fundamental (sempre foi, para mim), sem sombra de dúvida, mas Moutinho substitui Maniche ao ponto de aqueles que previram que este ia fazer muita falta ao jogo de Scolari já nem se lembrarem dele. Moutinho faz o constante vaivém de apoio tanto a Petit como a Deco, mostrando o quanto aprendeu a jogar em todas as posições do losango de Paulo Bento nos últimos anos
Qualquer uma das exibições de Portugal teve momentos muito bons. É um facto que a Selecção tremeu após o primeiro golo da República Checa, marcado um pouco "a frio" e expondo porventura a maior insuficiência desta selecção (jogadores como Deco, Simão, Moutinho ou Petit diminuem drasticamente a média de alturas e o hábito de disputar bolas pelo ar), mas não perdeu por completo as suas coordenadas, o que demonstra alguma estabilidade, embora a situação pudesse ter sido mais gravosa frente a uma selecção mais desenvolta a atacar.
Nas fases mais adiantadas da prova, Portugal terá alguns problemas, creio eu, face a equipas que joguem com o bloco mais subido e que tapem a primeira fase de construção - entre os centrais e Deco ou Moutinho. Paulo Ferreira parece-me bem adaptado ao lugar (teve dois excelentes cruzamentos de pé esquerdo, ontem), o meio-campo funciona com classe, embora Petit demonstre, como sempre, algumas dificuldades quando tem de encostar aos centrais para criar superioridade numérica quando confrontado com dois avançados adversários. Bosingwa parece estar ainda sobre o efeito alienante da contratação pelo Chelsea e está longe de demonstrar neste Europeu todo o seu potencial. De resto, Portugal parece estar de facto, ao contrário do que eu imaginar, em condições de fazer boa figura.
Seja como for, aqui vão as minhas considerações - já tardias, pois era minha intenção escrever antes de os jogos começarem, fazer algumas previsões, comentar a exibição de Portugal do primeiro jogo e avançar com alguns dados para o segundo.
Portugal surpreendeu-me. Não tenho qualquer pejo em admiti-lo. Não sou exactamente um dos maiores defensores de Scolari (na minha opinião, tem grandes lacunas ao nível da leitura de jogo e da concepção táctica da sua própria equipa), embora não creia também que só tem defeitos. Acho que é capaz de unir um grupo como poucos, mas que tem momentos em que dá a entender que tanto podia treinar futebol como outra modalidade qualquer. Dito isto, tenho de admitir que Portugal me surpreendeu pela positiva por dois motivos: em primeiro lugar, Simão Sabrosa. Não sendo um apaixonado pelo seu futebol, tenho para mim que confere um equilíbrio muito maior à equipa do que Quaresma ou Nani (temi que Scolari fosse optar pelo maior brilho do campeonato inglês). Ronaldo joga de forma um pouco anárquica na Selecção, voluntária ou involuntariamente, com constantes diagonais para a zona do ponta-de-lança, o que faz com que Simão tenha um papel muito importante numa ala em que o defesa-lateral é adaptado. Quando Ronaldo flecte para o meio, abre espaço a Bosingwa, o qual, quando Portugal constrói as jogadas de trás para a frente, se coloca invariavelmente na linha de meio-campo. Em segundo lugar, Moutinho. Este sim, um dos maiores segredos para o constante fluir do jogo da Selecção. Deco é fundamental (sempre foi, para mim), sem sombra de dúvida, mas Moutinho substitui Maniche ao ponto de aqueles que previram que este ia fazer muita falta ao jogo de Scolari já nem se lembrarem dele. Moutinho faz o constante vaivém de apoio tanto a Petit como a Deco, mostrando o quanto aprendeu a jogar em todas as posições do losango de Paulo Bento nos últimos anos
Qualquer uma das exibições de Portugal teve momentos muito bons. É um facto que a Selecção tremeu após o primeiro golo da República Checa, marcado um pouco "a frio" e expondo porventura a maior insuficiência desta selecção (jogadores como Deco, Simão, Moutinho ou Petit diminuem drasticamente a média de alturas e o hábito de disputar bolas pelo ar), mas não perdeu por completo as suas coordenadas, o que demonstra alguma estabilidade, embora a situação pudesse ter sido mais gravosa frente a uma selecção mais desenvolta a atacar.
Nas fases mais adiantadas da prova, Portugal terá alguns problemas, creio eu, face a equipas que joguem com o bloco mais subido e que tapem a primeira fase de construção - entre os centrais e Deco ou Moutinho. Paulo Ferreira parece-me bem adaptado ao lugar (teve dois excelentes cruzamentos de pé esquerdo, ontem), o meio-campo funciona com classe, embora Petit demonstre, como sempre, algumas dificuldades quando tem de encostar aos centrais para criar superioridade numérica quando confrontado com dois avançados adversários. Bosingwa parece estar ainda sobre o efeito alienante da contratação pelo Chelsea e está longe de demonstrar neste Europeu todo o seu potencial. De resto, Portugal parece estar de facto, ao contrário do que eu imaginar, em condições de fazer boa figura.
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