Equipas e movimentações iniciais |
No seguimento das últimas épocas do Sporting de Braga, este encontro é já considerado um duelo de titãs. A insistência do clube comandado por António Salvador em intrometer-se emtre FC Porto e Benfica na luta pelos lugares cimeiros significa que o Estádio Axa já não é um porto de abrigo para qualque equipa que o visite. A vitória do Benfica frente ao Olhanense no Sábado estava nas cogitações de ambas as equipas e nenhuma poderia dar-se ao luxo de perder pontos, com particular ênfase para os comandados de José Peseiro, já com um défice de seis pontos face aos seus rivais.
Vítor Pereira realizou as alterações esperadas, devolvendo Alex Sandro e Fernando ao onze, nos lugares de Abdoulaye e Defour. As suas escolhas nada tiveram de inesperado, particularmente tendo em conta os minutos que ambos os jogadores acumularam a meio da semana contra o Dínamo de Zagreb. A única alteração do treinador arsenalista em relação à pesada derrota às mãos do Cluj foi a troca de Mossoró por Ruben Amorim.
A primeira foi extremamente vibrante e comprovou uma vez mais os méritos e qualidades de ambas as equipas. Quer tenha sido por uma questão estratégica ou pelo peso dos mais recentes resultados, o Sporting de Braga apresentou-se num formato diferente. Com efeito, a atitude da equipa poucas semelhanças teve com o modelo de jogo que José Peseiro mostrou ao longo desta época. Em vez de pressionar, os visitados permaneceram na expectativa; em vez de atacar com muitos homens, optaram por um estilo mais directo. Ao que nos era dado a ver, este Sporting de Braga poderia muito bem ser o de Domingos ou Leonardo Jardim's.
O FC Porto entrou muito forte no jogo e criou várias oportunidades claras nos minutos iniciais, com Otamendi a dispor de duas boas oportunidades e levando inclusivamente a bola a bater no poste de Beto ao terceiro minuto. A abordagem dos dragões pouco se desviou dos seus mecanismos habituais, com James Rodríguez a flectir para dentro e Lucho (ou Danilo) a ocupar o espaço libertado pelo colombiano. Com Mossoró (habitualmente menos inclinado para defender) estacionado na esquerda e Ruben Micael demasiado próximo de Éder, o FC Porto controlou o encontro a seu bel-prazer durante 20 minutos, dando a impressão de que o golo seria uma mera formalidade.
No entanto, o Sporting de Braga assentou o seu jogo, começou a mostrar os seus trunfos e efectuou o primeiro remate à passagem do minuto 20 - o FC Porto não mais viria a rematar durante a primeira parte após a primeira tentativa bracarense. Ruben Micael passou a prestar mais atenção a Fernando e estancou o ritmo de jogo azul e branco.
Por seu turno, José Peseiro interpretou bem o seu adversário. A colocação de Mossoró na esquerda não foi fruto do acaso, tal como a insistência de Éder em descair para esse mesmo flanco. As investidas de James rumo ao centro significam que Danilo (ou os defesas-centrais, sempre que Danilo não regressa a tempo) fica frequentemente exposto. Com Mossoró na ala esquerda, a equipa tinha uma saída de bola clara e tentava tirar proveito da já conhecida vulnerabilidade portista. O Sporting de Braga acabaria por dominar os últimos 25 minutos da primeira metade.
A segunda parte foi menos entusiasmante, com ambas as equipas a errarem inúmeros passes e aparentemente excessivamente receosas uma da outra. Graças aos ajustes de Peseiro, o FC Porto mostrava-se agora incapaz de fazer passes precisos na zona central para abrir a defesa dos Guerreiros do Minho. Por outro lado, o Sporting de Braga mostrou-se perigoso no contra-ataque por diversas vezes, mas o receio da derrota parecia sobrepor-se à vontade de vencer.
Como que provando isso mesmo, José Peseiro não implementou alterações destemidas, optando por refrescar o seu meio-campo - Amorim entrou para o lugar de Viana e Djamal para o de Ruben Micael -, mostrando-se ciente que, apesar de jogar com largura, o FC Porto é letal ao centro.
Ironicamente, seria precisamente a partir dessa área que os campeões nacionais chegariam ao golo tardio. Danilo flectiu para dentro, James recebeu a bola e foi extremamente feliz ao ver o seu remate bater em Douglão (que se apresentou hoje ao seu melhor nível) e enganar Beto. O golo surgia alguns segundos antes do fim do tempo regulamentar. O destino seria ainda mais cruel para os visitados, os quais viriam a sofrer o segundo golo ao minuto 93, após um mau alívio de Leandro Salino e um remate bem colocado de Jackson Martínez.
Em conclusão, o FC Porto poderá dar-se por feliz pela vitória alcançada, uma vez que o empate parecia ser o resultado mais provável. Analisando a prestação de ambas as equipas e as oportunidades criadas, a igualdade seria porventura o resultado mais justo. Tanto o Sporting de Braga como o FC Porto tentaram chegar à vitória com as suas armas e desfrutaram de oportunidades para o conseguir - nos períodos em que dominaram. Os anfitriões poderão ter dito adeus às perspectivas realistas de vencer o campeonato, mas José Peseiro poderá ter percebido que a abordagem assumida e arriscadamente ofensiva nem sempre será a melhor forma de levar todos os adversários de vencida.