Equipas e movimentações iniciais |
Num encontro fechado, o Sporting conquistou uma vitória por 1-0 que poderá revelar-se decisiva quando as equipas se encontrarem novamente, de hoje a uma semana. Ricardo Sá Pinto mostrou ser suficientemente humilde para aprender com os erros do FC Porto na última eliminatória perante o mesmo adversário e optou por uma estratégia bem diferente da abordagem de Vítor Pereira.
Com efeito, Sá Pinto escalou um invulgar (para equipas portuguesas) 4x4x2 assimétrico (ver imagem mais abaixo), imitando na perfeição o onze previsível do City. Carriço e Schaars tinham como missão proteger a sua linha defensiva e, embora Capel e Izmailov completassem uma segunda linha de quatro no meio-campo, o russo ocupou mais interiores, provavelmente prevendo a tendência de David Silva de descair para o centro. Foi pedido a Schaars que jogasse um pouco mais avançado em relação a Carriço, no sentido de ocupar o espaço entre sectores.
O Manchester City mostrou a sua postura habitual nos jogos longe do seu reduto. Com Clichy no lugar de Micah Richards a lateral-direito, Milner como falso ala direito e Silva à esquerda, não restava outra alternativa ao City senão jogar pelo centro, deparando-se com uma compacta defesa leonina.
Em vez de jogar olhos nos olhos com o seu adversário, os leões entraram de forma cautelosa, receosos de subir o bloco e, com isso, exporem a sua linha defensiva (à imagem do que o FC Porto fez nos dois jogos com os citizens). Confrontado com uma equipa inglesa com ADN italiano, Sá Pinto não teve pejo em conceder o favoritismo e o domínio de jogo à equipa de Roberto Mancini, esperando que o Sporting fosse capaz de lançar rápidos contra-ataques. Com Izmailov a criar superioridade numérica no centro do terreno, quase todas as bolas recuperadas iam rapidamente ao encontro de João Pereira, especialmente porque - como é do conhecimento geral - David Silva não é particularmente adepto de auxiliar nas tarefas defensivas.
Os ingleses mostravam-se lentos e pareciam crer que o problema se resolveria naturalmente, limitando-se a rodar a bola, esperando que Silva sacasse um coelho da cartola. Por seu turno, Van Wolfswinkel e Matías Fernández, batalharam com afinco no sentido de reduzir os espaços e fechar as linhas de passe aos médios-centro do City. Ao fim dos primeiros 25 minutos, o Sporting tornou-se menos calculista e temeroso e começou a mostrar que pretendia discutir o jogo, nomeadamente através de remates de longe.
A primeira parte chegou ao fim, com ambas as equipas aparentemente mais interessadas em não sofrer do que em marcar. Xandão marcou um delicioso golo de calcanhar e presumiu-se que o jogo abriria aí a partir de então. Embora a equipa da capital se tenha mostrado aqui e ali algo sôfrega em acompanhar o entusiasmo da multidão nos minutos que se seguiram, conseguiu manter o seu controlo emocional e resistiu à tentação de partir para cima do adversário, cingindo-se ao seu plano de jogo.
Enquanto que Mancini substituiu Dzeko (mais uma exibição desinspirada do bósnio) por Balotelli, Sá Pinto tentou garantir que o Sporting não sofria um golo potencialmente fatal ao mandar para o terreno de jogo Pereirinha e Renato Neto para os lugares de Izmailov e Matías, respectivamente. A mensagem era clara: o resultado era perfeito e a vantagem de um golo deveria permanecer intacta. Balotelli foi na verdade o único citizen capaz de causar problemas ao Sporting (principalmente ao irascível João Pereira) e o City ficou muito próximo do golo da igualdade na parte final do encontro, incluindo uma cabeçada de Balotelli à barra.
Em jeito de conclusão, o treinador do Sporting reconheceu as diferenças entre as duas equipas e foi capaz de convencer os seus jogadores que teriam de trabalhar muito e estar dispostos a ter menos a bola em sua posse para serem bem sucedidos. A sua abordagem italiana funcionou na perfeição e Mancini insiste em demonstrar que as noites europeias permanecem pesadelos, mesmo se é verdade que o resultado foi lisonjeiro para o Sporting.
Individualmente, gostaria de destacar Matías Fernández pela sua capacidade de trabalho e presença de espírito, uma vez que se assumiu como o principal elo de ligação entre defesa e ataque, oferecendo uma bola de saída, mas gostaria igualmente de elogiar o mal-amado Anderson Polga. Embora Xandão tenha mostrado mais uma vez que poderá ser uma adição valiosa para a equipa, o campeão do mundo mostrou que continua a ser um excelente jogador quando a sua equipa não é constantemente apanhada em contrapé.