Equipas e movimentações iniciais |
No futebol - como em quase tudo o resto -, as evoluções tácticas ficam mais a dever à moda do momento do que a uma qualquer revolução intelectual ou filosófica. Como tal, foi curioso dois onzes dispostos exactamente da mesma forma, com o cada vez mais tradicional trio de centrais e dois laterais. Esta equivalência táctica significaria que a batalha táctica seria ganha pelo triunvirato de centrocampistas que apresentasse melhor movimentação ofensiva e maior capacidade de recolocação.
Não obstante disputar a partida no seu reduto, a equipa de Udine preferiu conceder a iniciativa do jogo ao adversário desde o primeiro momento, preferindo apostar no contra-ataque. Foi precisamente essa estratégia que provocou grandes calafrios, de início, pois Asamoah encostava muito ao flanco esquerdo - a única via de ataque da Udinese -, abrindo todo o centro do terreno, em grande parte graças à excelente exibição de Vidal, que, com 4 desarmes e 3 recuperações (cortesia de whoscored.com), foi o elemento mais interventivo na manobra defensiva da equipa. Após a recepção, a transição passava sempre pelos pés de Pirlo e por lançamentos longos para o flanco direito, aproveitando o posicionamento sempre suspeito de Basta e a velocidade de Estigarribia.
Na frente, Matri estava demasiado longe da baliza, obrigando-o a conduzir a bola durante demasiado tempo para as suas capacidades e a tomar decisões de desenvolvimento dos contra-ataques - claramente uma pecha no perfil deste avançado. Quanto a Di Natale, a grande esperança dos de Friuli, a sua exibição foi muito pobre, como o comprovam os 21 (!) toques durante todo o jogo, quase sempre sem qualquer consequência.
A segunda parte trouxe consigo uma Udinese mais ofensiva, ainda que de forma muito desorganizada. Com efeito, metade da equipa tentava pressionar mais à frente, ao passo que a outra metade preferia não abrir espaços nas costas, o que deixava enormes brechas para o trabalhador meio-campo da Juve. Com Basta apostado em pressionar sempre alto e a ser constantemente ultrapassado através de simples tabelas, a Vecchia Signora parecia sempre mais perto do golo, o que não viria a acontecer.
Em resumo, um jogo que prometia bastante, mas em que o medo de perder foi manifestamente superior à vontade de superar o adversário. Em Itália, mais do que em qualquer outro campeonato, sabe-se que 1 ponto é sempre melhor do que 0 e que o campeonato é muito longo.