Equipas e movimentações iniciais |
FC Porto e Málaga disputaram um duelo ibérico muito aguardado para decidir qual das equipas seguiria para a fase seguinte da Liga dos Campeões.
Com James Rodríguez sem os índices físicos necessários para iniciar a partida a titular, Vítor Pereira manteve Izmailov no lugar da jovem estrela colombiana e Varela recuperou o seu lugar no onze titular após a boa exibição de Atsu frente ao Beira-Mar. Por seu turno, o técnico do Málaga, Manuel Pellegrini optou por alinhar com Roque Santa Cruz mais adiantado, com Joaquín na sua posição habitual de extremo-direito e Isco à esquerda. Ao centro, Toulalan e Iturra, ex-União de Leiria, travaram uma batalha desigual contra o trio de médios dos visitados - Fernando, Lucho González e João Moutinho.
Os comandados de Vítor Pereira optaram por uma pressão acentuada desde o primeiro apito, tentando sufocar o adversário e fazer passar uma mensagem de domínio. Moutinho ou Lucho eram os primeiros a liderar a pressão assim que Willy Caballero colocava a bola nos pés de um dos centrais, uma vez que os quatro elementos da linha mais recuada do Málaga mostravam sinais de desconforto em posse.
Pellegrini preferiu estranhamente fazer uso de Júlio Baptista ao invés de um terceiro médio, o que acabaria por se revelar relevante. Com Isco a partir da esquerda (embora nunca se tivesse encostado à linha lateral), uma boa parte da ameaça malaguenha foi eliminada, com o treinador argentino a depositar aparentemente a sua confiança numa abordagem mais directa.
Encostado ao flanco esquerdo, Isco deveria acompanhar as investidas de Danilo - algo que não parecia muito interessado em fazer e que viria a abrir enormes buracos, tanto para Danilo como também para Lucho González. Com Izmailov a funcionar com frequência como quarto médio (com uma posição inicial ligeiramente mais aberta), Toulalan e Iturra deram muitas vezes por si assoberbados no centro, com demasiado espaço para cobrir.
Com efeito, ao contrário da maioria dos 4x2x3x1 e 4x4x2, o Málaga apresentou-se de forma surpreendentemente diferente na sua fase defensiva, optando por não formar duas linhas de quatro jogadores, o que ofereceu uma enorme liberdade de movimentos a Moutinho e Lucho e permitiu que os dois médios portistas ditassem o ritmo da partida. O FC Porto dava início às suas movimentações num dos flancos, fazia a bola entrar rapidamente no centro e rodava-a de súbito para a ala contrária, onde se verificaram inúmeras situações de superioridade numérica.
O FC Porto encontrou muito espaço pelo centro contra Toulalan e Iturra |
Contudo, apesar de todo o espaço de que os campeões nacionais desfrutaram, não se mostraram capazes de o converter em oportunidades claras de golo, sentindo falta de alguma criatividade ou intensidade pelas alas. Danilo, em particular, pareceu retroceder e não constituiu qualquer ameaça no seu flanco, afunilando ainda mais o jogo portista.
À medida que os minutos iam passando, o Málaga parecia começar a prejudicar-se a si mesmo, mostrando-se um conjunto ainda mais desconjuntado, especialmente nas transições defensivas, com Toulalan e Iturra forçados - ainda e sempre - a cobrir tanto terreno quanto possível, com pouca ajuda dos jogadores mais adiantados do Málaga (quando questionado por este colunista sobre isso mesmo na conferência de imprensa, Pellegrini negou que essa desprotecção tivesse sido decisiva).
A segunda parte não parecia trazer grandes novidades, com o Málaga aparentemente satisfeito com o resultado e pouco interessado em atacar com muitos homens - algo irónico, uma vez que os seus avançados pouco contribuíram na fase ofensiva e ainda menos ofereceram em termos defensivos. James Rodríguez começou a aquecer e, no momento em que foi chamado para entrar em campo, João Moutinho marcou o único golo da partida no seguimento de uma assistência precisa de Alex Sandro. Era praticamente a primeira vez que um médio azul e branco tentava penetrar na grande área e confundir as marcações adversárias.
Os dragões foram mais rápidos e precisos nos dez minutos que se seguiram ao golo, mas a presença em simultâneo de James Rodríguez e Izmailov aniquilou o flanqueamento do jogo portista. A equipa da casa viria a mostrar-se mais perigosa após a entrada de Atsu para o lugar do extremo russo, esticando o jogo e punindo a lentidão de Sérgio Sánchez e De Michelis.
Em resumo, os espanhóis lograram defender-se da maioria dos ensaios do FC Porto pelo centro, mas foram quase inexistentes no ataque. Se pretenderem assumir uma candidatura séria à fase seguinte, terão de elevar a fasquia de forma considerável. Contudo, subsiste a questão: irá o FC Porto recorrer a uma postura mais cautelosa e permitir que o Málaga domine (abrindo desse modo brechas nas suas costas) ou irão os campeões nacionais insistir em sufocar a potencial ameaça ofensiva adversária?