Equipas e movimentações iniciais |
No primeiro jogo no seu estádio a contar para a Liga dos Campeões, o FC Porto apresentou-se de forma dominante contra o principal adversário do seu grupo. Vítor Pereira optou por Danilo, Fernando e Varela em detrimento de Miguel Lopes, Defour e Atsu, respectivamente. O treinador do Paris Saint-Germain, Carlo Ancelotti, não efectuou grandes alterações no seu onze, com Ménez junto a Ibrahimovic e Nenê por trás dos dois jogadores mais avançados.
Não é todos os dias que se vê uma equipa portuguesa a assumir o papel de favorita, particularmente na Liga dos Campeões e contra um conjunto recheado de estrelas, como o Paris Saint-Germain. Aparentemente nada impressionados com os valores financeiros patentes em toda a imprensa ao longo dos dias anteriores, os comandados de Vítor Pereira mostraram-se decididos a colocar os parisienses em dificuldades e comprovaram a sua evolução desde a temporada transacta (e desde o último encontro contra o Rio Ave).
Os dragões apresentaram uma linha defensiva bastante subida, muito provavelmente com o intuito de impedir que Ibrahimovic jogasse demasiado próximo da grande área do FC Porto, acreditando que nem Ménez nem Nenê constituiriam grande perigo em penetrações vindas de trás. Quanto ao Paris Saint-Germain, a ordem passava por assumir um bloco baixo e aguardar que a pressão portista inicial acabasse por desvanecer com o tempo.
Frente ao 4x3x1x2 do adversário (com Nenê a actuar por trás de Ibrahimovic e Ménez), os campeões portugueses acentuaram ainda mais as suas habituais características ofensivas, explorando e criando situações de superioridade numérica nas alas - nomeadamente (e de forma quase exclusiva) a esquerda. Com James a vaguear entre o centro e a direita e com Varela na esquerda, o FC Porto insistiu no seu lado esquerdo com Alex Sandro, Moutinho e Varela. Com a largura natural oferecida por este último, o meio-campo em losango de Ancelotti ficava demasiado aberto para conseguir dar resposta às ofensivas.
O desenho da jogada era simples e prolongou-se durante quase todo o encontro. Alex Sandro iniciava a movimentação em zonas mais avançadas (próximo da linha do meio-campo), ocupando mediatamente Chantôme (o qual, verdade seja dita, raramente jogou em áreas mais interiores, como deveria ter feito). Varela era marcado por Van der Wiel e Verratti surgia a marcar Moutinho, receoso que o médio português tomasse conta do centro - acabando por abrir o meio do campo a James ou Lucho. Com a mesma movimentação e algumas triangulações, a equipa portuguesa criou uma chuva de oportunidades de golo.
O típico movimento do FC Porto pela esquerda. Verratti foi desposicionado de forma demasiado fácil. |
Com o contributo defensivo diminuto de Ibrahimovic e Ménez e com Nenê a actuar de forma intermitente, o FC Porto teve frequentemente liberdade de jogar a seu bel-prazer no flanco esquerdo ou pelo centro, uma vez que a ajuda de Matuidi ou dos defesas-centrais chegava sempre (muito) tarde. Como tal, não será um grande risco dizer que os mais de 20 remates à baliza de Sirigu davam muitas vezes origem 'a oportunidades claras. No que diz respeito ao plano de ataque do Paris Saint-Germain, na maioria dos casos, não parecia haver nenhum, para além de esperar que o rebelde atacante sueco sacasse um dos seus coelhos da cartola (o que quase resultou à passagem do 11º minuto, após um toque de calcanhar em estilo).
O único momento em que os parisienses se assumiram como uma ameaça efectiva foram os primeiros 10 minutos da segunda parte, altura em que os médios do FC Porto perderam as suas coordenadas e se mostravam demasiado sôfregos em chegar ao golo, quase sendo castigados pelo atrevimento. Contudo, a calma de Lucho e a resistência de Moutinho devolveram a ordem aos dragões e estes puderam retomar as suas intenções.
Não obstante todas as oportunidades desperdiçadas, o FC Porto foi um justo vencedor - de tal forma que poderá vir a arrepender-se de não ter marcado mais. O golo de James Rodríguez poderá ter chegado tardiamente para os adeptos portistas, mas significou que os três pontos permaneceriam no Dragão. Após as últimas vitórias sucessivas, esperava-se muito mais do Paris Saint-Germain, equipa que apenas poderá queixar-se de si própria. Na verdade, dar-se-ão por satisfeitos por regressarem a Paris apenas com um golo sofrido. Por outro lado, é difícil entender por que motivo Ancelotti, geralmente exímio na sua leitura de jogo, não contrapôs qualquer solução para contrariar a vantagem natural do seu adversário nas alas.