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Tenho algumas dificuldades em entender algumas coisas no futebol português, começando desde já pela arbitragem. Ao que parece, são os próprios árbitros e seus representantes que dão constantemente tiros nos pés, optando por sacrificar quem dá o corpo às balas, em nome das aparências, ao que parece.
Começando pelo início, como é bom de ver, a questão remete para a arbitragem de Pedro Proença no clássico que opôs FC Porto a Benfica. Na minha opinião, foi um óptimo derby, bem disputado, sem picardias nem violência de qualquer tipo, "rasgadinho" (como se costuma dizer), mas honesto. Proença contribuiu, e muito, a meu ver, para esse jogo, não entrando no modo Lucílio Baptista (apitando todos os contactos, para que não haja jogadas rápidas que possam comprometer seja o que for) e não abusando dos cartões, antes optando pela via pedagógica. Por outras palavras, permitiu que o jogo rolasse à sua velocidade normal, não precisou de distribuir sanções disciplinares para controlar o jogo (como tantos fazem), mas teve dois pequenos pecados - não marcou um penalty (real) sobre Lucho González e apontou para a marca dos onze metros castigando uma falta (fictícia) de Yebda sobre Lisandro.
Se houvesse um mínimo de honestidade, creio que não seria muito difícil ver quão difícil foi o trabalho do árbitro nesses dois lances, com particular incidência para o segundo, que é o verdadeiro tópico de discussão. Yebda foi o único jogador do Benfica convencido de que não era penalty. Os restantes jogadores viraram as costas num acto de conformidade, vendo-se inclusivamente Katsouranis a dar um raspanete ao seu companheiro pela (aparente) falta escusada.
Solução dos responsáveis máximos da arbitragem? Colocar Pedro Proença na jarra, como de costume. Há uma divisão clara entre erros de palmatória e erros que só são cometidos por quem tem de apitar naquele momento, sem recurso a mais nada. Seria de mais pedir a estes responsáveis que soubessem ver esta diferença? Seria de mais pedir-lhes para colocarem Proença a jogar na próxima jornada, fazendo passar aos clubes a mensagem de que os erros não são todos iguais e que uma boa arbitragem terá sempre erros? Não faz sentido mandar um jogador para o banco por falhar um golo de baliza aberta... Se eu fosse árbitro, já não o seria ou nunca o teria sido.
PS: Da mesma forma que há sumaríssimos, não seria possível castigar um jogador que arranca um penalty ou um cartão amarelo ao adversário por simulação? Se Lisandro fosse castigado, por exemplo, os avançados não pensariam duas vezes da próxima vez que se mergulhassem?