Depois de mais uma jornada da Liga dos Campeões, creio ser esta uma boa altura para avaliar o momento do Sporting. Paulo Bento está de facto sob fogo, particularmente dos seus próprios simpatizantes e associados. Com efeito, o Sporting está longe de brilhar no principal campeonato português, contrapondo uma carreira europeia sólida na Liga Europa (não esquecendo contudo o afastamento da Liga dos Campeões às mãos da Fiorentina).
Do muito que se tem falado nas últimas semanas sobre o momento da equipa verde e branca, uma grande fatia passa pela já de todos conhecida falta de condições financeiras para lançar uma candidatura consistente à conquista do título, de que o Sporting anda arredado desde 2002, sob o comando de Lazslo Bölöni (e os golos de Mário Jardel, já agora). Embora seja indiscutível que o orçamento do Sporting é mainfestamente inferior ao dos seus maiores rivais, a equipa de Alvalade parece padecer de muitos outros problemas que não terão forçosamente que ver com a maior ou menor capacidade financeira.
Se escrevo este texto agora, escrevo-o depois de ver Dínamo de Kiev e Rubin Kazan fazerem passar os seus adversários - respectivamente, Inter de Milão e Barcelona - por um mau bocado. Na verdade, o campeão russo conquistou aos catalães 4 pontos em 6 possíveis nas duas últimas jornadas. Quanto ao Dínamo, esteve a 10 minutos de cometer igual proeza face à equipa de José Mourinho. Ora, qualquer uma destas equipas está longe de ter o mesmo poderio económico dos seus rivais; no entanto, não foi por isso que o seu empenho, inteligência ou trabalho estratégico foi menor. Em ambos os casos, as equipas mereceram de forma galharda os resultados que lograram. Cientes de que não podiam lutar com as mesmas armas, foram à procura dos pontos fracos - que todas as equipas têm - e demonstraram um enorme espírito de luta e conhecimento das suas capacidades e das dos seus adversários.
Se o Sporting se queixa da falta de condições de que FC Porto e Benfica desfrutam, o que poderá dizer-se do Braga, por exemplo? O empenho, a garra, a vontade e o espírito de equipa não se fazem com dinheiro - muitas vezes, bem pelo contrário. Os responsáveis máximos do futebol do Sporting parecem esquecer-se com alguma frequência deste ponto, ao aludir vezes e vezes sem conta às suas limitações.
Neste momento, a equipa do Sporting padece da ausência de solidez defensiva e de criatividade ofensiva. Ao fim de 4 anos, não haverá quem não saiba como se movimenta o losango de Paulo Bento e respectivas variantes. A equipa parece tolhida, envergonhada e pouco disposta a ir à luta, o que não deixa de ser assaz estranho numa equipa orientada por Paulo Bento. A lateral-esquerda da defesa é um problema, tal como o é a constante indefinicação na frente (Postiga demonstra ainda e sempre a sua capacidade de se ausentar dos jogos e não ser um avançado felino, Caicedo permanece uma incógnita) ou o meio-campo em permanente bulição, onde, não fora o capitão João Moutinho, tudo seria feito de forma ainda mais lenta.
Se Paulo Bento pode ser "chamado à pedra" por alguns destes pontos, o que dizer dos seus superiores hierárquicos, ao não criarem condições (leia-se contratação de jogadores e/ou gestão do plantel) para que o treinador possa de facto atirar-se aos objectivos que deveriam ser partilhados por todos? O plantel sportinguista tem várias lacunas, sendo que nem todas podem ser supridas, ao contrário do que se possa pensar, por jovens acabados de sair da formação do clube. De facto, o Sporting parece continuar a olvidar clubes mais pequenos, onde actuam jogadores com enorme potencial e de grande valia (a curto-médio prazo).
Em suma, não creio que o problema dos leões desta época se resuma a esta época. Pelo contrário, parece ser o final de um trajecto que se vinha desenhando há já algum tempo, mas ao qual ninguém pareceu querer dar demasiada importância. Enquanto o FC Porto era o único rival a dominar, tudo parecia ser aceitável. Agora que o Benfica parece ter finalmente acordado da sua dormência, a situação parece ter-se agravado consideravelmente. Sempre que tiverem dúvidas, vejam o Rubin Kazan ou o Dínamo de Kiev a jogar.
Thursday, November 5, 2009
Sunday, November 1, 2009
A Liga dos Campeões
É indiscutível que as equipas britânicas pecam geralmente por uma manifesta falta de inteligência táctica, privando-as muitas vezes de títulos que, se estivéssemos a falar de patinagem artística, estariam garantidos devido a todos os restantes critérios. É óbvio ao espectador menos atento que os onzes ingleses e escoceses têm inúmeras dificuldades de cada vez que defrontam equipas da Europa continental.
Sim, é Espanha que tem as maiores estrelas - de Kaká a Ronaldo, de Xavi a Messi, de Casillas a Ibrahimovic. No entanto, depois de mais uma jornada da liga inglesa, continuo a chegar à mesma conclusão: trata-se da verdadeira liga dos campeões. É impossível deixar de admirar a galhardia com que os 22 jogadores se degladiam - creio ser este o melhor termo -, a garra que aplicam em todos os lances, estando o resultado a zero ou já a resvalar para uma das equipas, o respeito pelos árbitros, a qualidade e total ausência de vontade de protagonismo destes. Claro que há e haverá sempre picardias aqui e ali, mas, regra geral, as pancadas são bem aceites pelos jogadores, os tackles duros (muitas vezes a roçar a lealdade) não são encarados de forma agressiva e não parece haver nunca tendência para o "piscinismo" ou para forçar paragens de jogo para desenvolver as capacidades teatrais geradas por um qualquer sopro de um adversário.
Mesmo tendo noção de todos os defeitos das equipas que compõem o campeonato inglês, não consigo deixar de me deliciar sábado após sábado.
Sim, é Espanha que tem as maiores estrelas - de Kaká a Ronaldo, de Xavi a Messi, de Casillas a Ibrahimovic. No entanto, depois de mais uma jornada da liga inglesa, continuo a chegar à mesma conclusão: trata-se da verdadeira liga dos campeões. É impossível deixar de admirar a galhardia com que os 22 jogadores se degladiam - creio ser este o melhor termo -, a garra que aplicam em todos os lances, estando o resultado a zero ou já a resvalar para uma das equipas, o respeito pelos árbitros, a qualidade e total ausência de vontade de protagonismo destes. Claro que há e haverá sempre picardias aqui e ali, mas, regra geral, as pancadas são bem aceites pelos jogadores, os tackles duros (muitas vezes a roçar a lealdade) não são encarados de forma agressiva e não parece haver nunca tendência para o "piscinismo" ou para forçar paragens de jogo para desenvolver as capacidades teatrais geradas por um qualquer sopro de um adversário.
Mesmo tendo noção de todos os defeitos das equipas que compõem o campeonato inglês, não consigo deixar de me deliciar sábado após sábado.
Um choque de titãs
O duelo que opôs os líderes da Liga Sagres no Estádio Axa, em Braga, fizeram por merecer o seu estatuto. Depois do empate desapontante na véspera do candidato FC Porto, Benfica e Sp. Braga deram uma bela imagem do que o campeonato português tem para oferecer: garra, luta, competitividade, qualidade táctica e intensidade - ao ponto de provocar duas expulsões ao intervalo, devido ao sururu à entrada para o túnel no final da primeira parte.
A equipa bracarense entrou mais determinada no jogo e, aos 7 minutos, encontrava-se já na frente graças não só a um excelente golo de Hugo Viana, que aparece neste Sp. Braga completamente renascido -, como especialmente pela sufocante pressão que a turma de Domingos Paciência exercia sobre a saída de bola dos encarnados, sempre necessitados de espaço para as suas incisivas transições ofensivas. Embora a equipa da Luz tenha conseguido equilibrar a contenda em algumas partes do encontro (marcando inclusivamente um golo aparentemente válido), os arsenalistas pareceram ter o jogo controlado, chegando por isso com alguma naturalidade ao segundo golo, aos 77 minutos, depois de um óptimo trabalho de Mateus no lado esquerdo, onde Fábio Coentrão teve imensas dificuldades, conforme se esperava, dada a sua inexperiência na posição de lateral-esquerdo.
Será muito interessante ver até onde este Sp. Braga poderá ir, depois de, em 9 jornadas, ter já vencido os três grandes. Creio que as lesões poderão desempenhar (ou não) um papel fundamental, pois, se a vertente física se mantiver intacta, a equipa da cidade dos arcebispos poderá ter a oportunidade de cometer uma façanha única na sua história.
A equipa bracarense entrou mais determinada no jogo e, aos 7 minutos, encontrava-se já na frente graças não só a um excelente golo de Hugo Viana, que aparece neste Sp. Braga completamente renascido -, como especialmente pela sufocante pressão que a turma de Domingos Paciência exercia sobre a saída de bola dos encarnados, sempre necessitados de espaço para as suas incisivas transições ofensivas. Embora a equipa da Luz tenha conseguido equilibrar a contenda em algumas partes do encontro (marcando inclusivamente um golo aparentemente válido), os arsenalistas pareceram ter o jogo controlado, chegando por isso com alguma naturalidade ao segundo golo, aos 77 minutos, depois de um óptimo trabalho de Mateus no lado esquerdo, onde Fábio Coentrão teve imensas dificuldades, conforme se esperava, dada a sua inexperiência na posição de lateral-esquerdo.
Será muito interessante ver até onde este Sp. Braga poderá ir, depois de, em 9 jornadas, ter já vencido os três grandes. Creio que as lesões poderão desempenhar (ou não) um papel fundamental, pois, se a vertente física se mantiver intacta, a equipa da cidade dos arcebispos poderá ter a oportunidade de cometer uma façanha única na sua história.
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