Saturday, September 29, 2012

Vitória da equipa mais madura


Equipas e movimentações iniciais


Ao longo da história, os confrontos entre os dois rivais minhotos têm sido muito mais do que simples partidas de futebol - assemelhando-se muitas vezes a verdadeiras batalhas campais. Graças em parte ao carácter sereno de ambos os treinadores, o encontro da passada sexta-feira não se revelou conflituoso e ofereceu um bom espectáculo, ainda que não se tenha verificado um grande número de oportunidades de golo.

O Vitória de Guimarães entrou no jogo em força, assente no seu 4x3x3, pressionando o Sporting de Braga na sua saída de bola, de modo a evitar a construção de jogo a partir de trás. Beto, por exemplo, foi quase sempre forçado a bater bolas longas, contrariando a forma como o treinador do Sporting de Braga, José Peseiro, gosta de iniciar os ataques. (Por oposição, Doulgas, o guarda-redes vimaranense, procurava sempre enviar a bola para a frente assim que recolhia o esférico, tentando explorar os espaços livres deixados pelos jogadores bracarenses.) Para além disso, o posicionamento de Leonel Olímpio e André André tinha como objectivo impedir que Hugo Viana controlasse o ritmo de jogo e assumisse as rédeas da manobra da sua equipa com os seus tradicionais passes diagonais.

A estratégia do Vitória de Guimarães foi bem sucedida durante os primeiros 15 minutos, mas os forasteiros foram assentando o seu jogo e, aos poucos, conquistaram o controlo do meio-campo, aliviando a pressão sofrida por Viana e Custódio. Com Olímpio e André em zonas mais adiantadas, criavam-se espaços nas costas desses jogadores que eram forçosamente cobertas de forma quase exclusiva por El Adoua. Mossoró, igual a si próprio, foi magistral com os seus movimentos laterais, afastando-se do pivô marroquino, o qual se mostrava demasiado receoso em acompanhar Mossoró, sob risco de desproteger a sua zona exposta.

O bom jogo da equipa da casa ficou a dever-se em parte aos seus extremos pró-activos, os quais deixaram indícios promissores com as suas inteligentes movimentações. Ricardo é um jogador mais técnico que prefere duelos individuais, ao passo que João Ribeiro é melhor a ler o jogo e não tem pejo em ocupar outras áreas do terreno, de forma a dificultar a acção do adversário. Embora seja verdade que se revelaram úteis tanto em termos ofensivos como defensivos, convirá sublinhar que se foram alheando progressivamente das suas tarefas defensivas.

Por um lado, o Vitória de Guimarães, incentivado pelos seus adeptos, parecia deter uma vantagem emocional no jogo. Por outro, o Sporting de Braga estava aparentemente melhor equipado para as diferentes fases do jogo, ainda que tenha parecido algo descoordenado aqui e ali, especialmente no caso de Alan e Hélder Barbosa. A primeira parte, mais fechada, não tinha deixando antever grandes diferenças entre as duas equipas.

A segunda metade consistiu basicamente em tráfego de sentido único. Com uma ideia melhor sobre os seus processos ofensivos, os jogadores visitantes acabaram por marcar o primeiro golo numa transição rápida, no seguimento de um livre no meio-campo ofensivo do Vitória de Guimarães. A vantagem emocional de que os vimaranenses desfrutavam esfumou-se rapidamente após o golo, não obstante a tentativa imediata de fazer subir as suas linhas. Como tantas vezes acontece com as equipas portuguesas, os comandados de Rui Vitória mostravam-se algo desconhecedores sobre o que fazer ao verem-se em desvantagem - verdade seja dita, a falta de profundidade da equipa do Vitória de Guimarães foi hoje por demais evidente, com poucas opções atacantes.

Como se não chegasse, Peseiro optou por fazer descansar Mossóro e substituí-lo por Ruben Micael. O antigo jogador do FC Porto foi fundamental para que o Braga chamasse a si em definitivo o controlo do jogo, impedindo dessa forma uma possível resposta do seu adversário. Adicionalmente, Éder parece estar determinado em provar que poderá muito bem vir a ser o futuro ponta-de-lança da Selecção e do Sporting de Braga, assumindo-se como referência ofensiva capaz de segurar a bola e, com isso, permitir que a sua equipa. O segundo golo bracarense foi apenas um derradeiro fait-divers e um prémio para Hugo Viana.