Friday, October 12, 2012

Portugal não concretiza e perde

Equipas e movimentações iniciais

Portugal e Rússia defrontaram-se em Moscovo para um encontro potencialmente decisivo para apurar o primeiro classificado do grupo (o qual evitará dessa forma o temido play-off). Ruben Micael jogou na posição habitualmente ocupada por Raúl Meireles, enquanto a Rússia apresentou um onze esperado, com a ausência de Dzagoev como a única surpresa.

Num campo sintético, Portugal deparou-se de início com algumas dificuldades para impor o seu jogo de passe e recepção. O plano russo era por demais evidente: permitir que os defesas-centrais portugueses tivessem a bola e atacar o portador da bola assim que estava chegava aos médios ou laterais. Quando a bola era devolvida aos defesas-centrais ou ao guarda-redes, os jogadores russos exerciam uma pressão intensa. Foi com essa abordagem como pano de fundo que o primeiro e único golo do encontro surgiu.


Ruben Micael acabou de perder a posse da bola.
Pepe (vermelho) apercebe-se e tenta encurtar o espaço.

Bruno Alves (verde) interpreta a situação de modo incorrecto e reage tarde,
não acompanhando a movimentação de Pepe e ficando longe do posicionamento ideal.

Na verdade, Portugal reagiu bastante bem ao tento russo e conseguiu encontrar o seu equilíbrio. Pressionando em zonas mais avançadas, os comandados de Paulo Bento lograram recuperar inúmeras bolas, abafando a iniciativa russa. Ainda assim, a equipa de Leste mostrou-se muito perigosa sempre que conseguia circunscrever a pressão inicial portuguesa. Micael permaneceu demasiado adiantado durante a maior parte do tempo que esteve em campo e Moutinho tinha dúvidas sobre se se deveria juntar ao médio do Sporting de Braga ou ajudar Miguel Veloso, o qual ficou muitas vezes isolado.

Miguel Veloso ficou muitas vezes abandonado à sua sorte
na tentativa de contrariar os ataques russos.

A Rússia parecia extremamente satisfeita com o resultado e parecia acreditar que as suas rápidas transições ofensivas acabariam por punir Portugal - e, como tal, recuaram as suas linhas. Não obstante, a sua defesa não se apresentou a um nível muito elevado e Portugal conseguiu efectivamente criar várias oportunidades quase sempre por intermédio da mesma jogada através do seu 4x3x3 - à imagem do encontro entre FC Porto e Paris Saint-Germain - no flanco direito (a lesão de Fábio Coentrão não ajudou em nada as pretensões portuguesas).

Nani (azul) passa a bola para Postiga, o qual a endossa para João Pereira.
A presença de Micael (laranja) impede que o defesa-central
proporcione a cobertura defensiva necessária.

Nani tira o máximo proveito da movimentação de Postiga
e da presença de Micael para atacar o espaço criado.

Portugal tinha relativa facilidade em encontrar essas situações porque tanto Fayzulin como Shirokov permaneciam demasiado adiantados (um pouco à imagem de Micael), o que significava que os jogadores lusos não tinham grande dificuldade em localizar Postiga ou Ronaldo desmarcados no centro. Apesar das várias oportunidades, a tomada de decisão portuguesa no último terço do campo raramente apresentou os índices mais desejados.

Como se tal não bastasse, a eficaz pressão subida portuguesa não se fazia acompanhar de uma eficaz linha defensiva mais recuada, situação que derivava ora de distracções individuais, ora do excessivo espaço permitido após a primeira zona de pressão.

Fazendo uso de uma estratégia já conhecida, Paulo Bento substituiu Ruben Micael por Varela e Portugal transformou-se num 4x2x3x1. Moutinho ficou mais próximo de Veloso, ao passo que Nani passou para o centro, nas costas de Postiga. Este plano B já deu frutos no passado - contra a Dinamarca, por exemplo -, mas, desta feita, foi o último suspiro português. Apesar da louvável intenção do seleccionador português, o meio-campo ficou desequilibrado e a equipa das quinas nunca mais se mostrou capaz de exercer a mesma pressão ou criar qualquer outra situação de perigo.

Embora esta não tenha sido a melhor exibição da selecção lusa, o resultado poderá parecer algo injusto, à luz das exibições das duas equipas. Ao intervalo, Portugal rematara muito mais vezes, apresentava um número bem superior de passes realizados e uma percentagem mais elevada de passes certos - ainda que a segunda parte não tenha sido bem conseguida e fosse difícil ver como Portugal acabaria por marcar.

Monday, October 8, 2012

FC Porto entra a matar e desacelera em seguida

Equipas e movimentações iniciais


FC Porto e Sporting encontraram-se em lados totalmente opostos do espectro futebolístico. Os dragões vinham de uma excelente exibição e correspondente vitória frente ao Paris Saint-Germain, ao passo que os leões haviam sido trucidados pelo Videoton, com a posterior demissão de Ricardo Sá Pinto. Como tal, não foi de todo surpreendente que Vítor Pereira não promovesse qualquer alteração no seu onze. O treinador interino sportinguista, Oceano Cruz, manteve a mesma estrutura base, optando por Schaars e Elias no centro do terreno e Pranjic à frente de Insúa na ala esquerda, previsivelmente para manter Danilo sob controlo e explorar os espaços nas costas de James Rodríguez, uma vez que o colombiano tende a flectir para o meio.

O plano de Oceano parecia basear-se em restringir os anfitriões e evitar sofrer golos durante o período inicial, instruindo Schaars para que seguisse Lucho quase para todo o lado. Com Elias preocupado com João Moutinho, Fernando ficava frequentemente liberto, uma vez que Izmailov funcionava quase como número 10 e deixava o pivô defensivo portista sem marcação - permitindo aos campeões nacionais desfrutarem de sucessivas situações de superioridade numérica.

Apesar de todas as críticas que tem recebido das bancadas, há que dar crédito a Vítor Pereira por fazer com que este FC Porto jogue um futebol mais fluido na abertura da presente temporada, com o correspondente adiantamento da linha defensiva. Ao recuperar inúmeras bolas logo na transição ofensiva sportinguista, o FC Porto pôde explorar a ausência de Schaars, desposicionado pela movimentação de Lucho. Por seu turno, essa movimentação abria espaços para James, o qual tentou alvejar a baliza precisamente dessa zona (à frente dos defesas-centrais, onde Schaars deveria estar) momentos antes de Danilo oferecer a assistência para o atrevido calcanhar de Jackson Martínez.

Os leões pareceram algo abalados durante alguns minutos, com o FC Porto a permanecer compacto, ainda que exercendo menor pressão em zonas mais adiantadas. Com Mangala no lugar do lesionado Maicon, era provável que os azuis e brancos se deparassem com alguns problemas, uma vez que o defesa-central francês não é tão rápido a reagir e denota maior tendência a fazer passes errados. Para além disso, os comandados de Vítor Pereira começaram a descomprimir após o golo, aparentemente confiantes de que poderiam criar perigo assim que quisessem acelerar o jogo.

Por volta da meia-hora de jogo, o Sporting começou a soltar-se das amarras que havia imposto a si mesmo, percebendo que a defesa subida do FC Porto estava agora vulnerável sem Maicon. Izmailov aproximou-se do seu meio-campo e começou a criar situações de perigo para os seus colegas (e não só), ficando a faltar uma finalização mais apurada. Talvez a intenção de Vítor Pereira tivesse sido sempre essa, pois os jogadores leoninos continuaram a cometer o mesmo erro que cometem há muito tempo, independentemente do nome do treinador: atacar com os dois laterais na perseguição do resultado, abrindo enormes crateras e, por conseguinte, criando situações de inferioridade numérica.

O Sporting ditou os primeiros 15 minutos do segundo tempo. Com Izmailov a assumir cada vez mais a sua presença (o momento da sua substituição foi infeliz, dado que estava a começar a ser o foco de que a equipa visitante necessitava), o meio-campo do FC Porto perdeu por vezes as suas coordenadas, nomeadamente após as más decisões de Varela no último terço do terreno, partindo a equipa em duas partes em circunstâncias críticas. Contudo, se o Sporting pretender efectivamente lutar por uma classificação mais de acordo com os pergaminhos do clube, Elias terá de se envolver mais e oferecer linhas de passe, em vez de se esconder do jogo, sendo igualmente necessário que haja movimentações ofensivas de maior qualidade. Neste momento, todos parecem estar à espera que Carrillo saque um coelho da cartola.

A expulsão de Rojo foi uma consequência natural do maior adiantamento do Sporting (e deveria ter sinalizado o fim do encontro ainda antes da segunda grande penalidade). Embora a abordagem do defesa-central leonino não seja propriamente a ideal, o próximo treinador do Sporting tem de assumir como prioridade a revisão do posicionamento dos laterais em posse, uma vez que deixa a equipa de Alvalada total e desnecessariamente desprotegida.

Em breves palavras, foi um jogo algo fragmentado. O Sporting mantém a sua evidente falta de opções atacantes e o próximo responsável técnico terá uma tarefa árdua pela frente. No que diz respeito ao FC Porto, embora não se possa apelidar a vitória de injusta, houve momentos de perda de controlo e de más tomadas de decisão (particularmente nas transições ofensivas) que poderiam ter tido consequências desastrosas para as ambições portistas. Não obstante, Vítor Pereira estará por certo feliz no seguimento de duas vitórias importantes sem qualquer golo sofrido.