Equipas e movimentações iniciais |
Portugal e Rússia defrontaram-se em Moscovo para um encontro potencialmente decisivo para apurar o primeiro classificado do grupo (o qual evitará dessa forma o temido play-off). Ruben Micael jogou na posição habitualmente ocupada por Raúl Meireles, enquanto a Rússia apresentou um onze esperado, com a ausência de Dzagoev como a única surpresa.
Num campo sintético, Portugal deparou-se de início com algumas dificuldades para impor o seu jogo de passe e recepção. O plano russo era por demais evidente: permitir que os defesas-centrais portugueses tivessem a bola e atacar o portador da bola assim que estava chegava aos médios ou laterais. Quando a bola era devolvida aos defesas-centrais ou ao guarda-redes, os jogadores russos exerciam uma pressão intensa. Foi com essa abordagem como pano de fundo que o primeiro e único golo do encontro surgiu.
Ruben Micael acabou de perder a posse da bola. Pepe (vermelho) apercebe-se e tenta encurtar o espaço. |
Bruno Alves (verde) interpreta a situação de modo incorrecto e reage tarde, não acompanhando a movimentação de Pepe e ficando longe do posicionamento ideal. |
Na verdade, Portugal reagiu bastante bem ao tento russo e conseguiu encontrar o seu equilíbrio. Pressionando em zonas mais avançadas, os comandados de Paulo Bento lograram recuperar inúmeras bolas, abafando a iniciativa russa. Ainda assim, a equipa de Leste mostrou-se muito perigosa sempre que conseguia circunscrever a pressão inicial portuguesa. Micael permaneceu demasiado adiantado durante a maior parte do tempo que esteve em campo e Moutinho tinha dúvidas sobre se se deveria juntar ao médio do Sporting de Braga ou ajudar Miguel Veloso, o qual ficou muitas vezes isolado.
Miguel Veloso ficou muitas vezes abandonado à sua sorte na tentativa de contrariar os ataques russos. |
A Rússia parecia extremamente satisfeita com o resultado e parecia acreditar que as suas rápidas transições ofensivas acabariam por punir Portugal - e, como tal, recuaram as suas linhas. Não obstante, a sua defesa não se apresentou a um nível muito elevado e Portugal conseguiu efectivamente criar várias oportunidades quase sempre por intermédio da mesma jogada através do seu 4x3x3 - à imagem do encontro entre FC Porto e Paris Saint-Germain - no flanco direito (a lesão de Fábio Coentrão não ajudou em nada as pretensões portuguesas).
Nani (azul) passa a bola para Postiga, o qual a endossa para João Pereira. A presença de Micael (laranja) impede que o defesa-central proporcione a cobertura defensiva necessária. |
Nani tira o máximo proveito da movimentação de Postiga e da presença de Micael para atacar o espaço criado. |
Portugal tinha relativa facilidade em encontrar essas situações porque tanto Fayzulin como Shirokov permaneciam demasiado adiantados (um pouco à imagem de Micael), o que significava que os jogadores lusos não tinham grande dificuldade em localizar Postiga ou Ronaldo desmarcados no centro. Apesar das várias oportunidades, a tomada de decisão portuguesa no último terço do campo raramente apresentou os índices mais desejados.
Como se tal não bastasse, a eficaz pressão subida portuguesa não se fazia acompanhar de uma eficaz linha defensiva mais recuada, situação que derivava ora de distracções individuais, ora do excessivo espaço permitido após a primeira zona de pressão.
Fazendo uso de uma estratégia já conhecida, Paulo Bento substituiu Ruben Micael por Varela e Portugal transformou-se num 4x2x3x1. Moutinho ficou mais próximo de Veloso, ao passo que Nani passou para o centro, nas costas de Postiga. Este plano B já deu frutos no passado - contra a Dinamarca, por exemplo -, mas, desta feita, foi o último suspiro português. Apesar da louvável intenção do seleccionador português, o meio-campo ficou desequilibrado e a equipa das quinas nunca mais se mostrou capaz de exercer a mesma pressão ou criar qualquer outra situação de perigo.
Embora esta não tenha sido a melhor exibição da selecção lusa, o resultado poderá parecer algo injusto, à luz das exibições das duas equipas. Ao intervalo, Portugal rematara muito mais vezes, apresentava um número bem superior de passes realizados e uma percentagem mais elevada de passes certos - ainda que a segunda parte não tenha sido bem conseguida e fosse difícil ver como Portugal acabaria por marcar.