Equipas e movimentações iniciais |
Atlético de Bilbau e Atlético de Madrid defrontaram-se ontem numa final exclusivamente espanhola da Liga Europa. Embora Falcao tenha sido o alvo de todas as atenções e eliminado todas as dúvidas (se ainda as houvesse) em relação ao seu valor ao oferecer à sua equipa a taça numa bandeja de prata, deparamo-nos com uma questão mais ampla: estaremos perante o fim de uma era de futebol de posse e o renascimento do catenaccio?
A partida teve um início bastante vivo. Não era difícil prever que o Atlético de Bilbau optaria por jogar e pressionar em zonas mais adiantadas, mas o Atlético de Madrid mostrou-se igualmente destemido e tentou asfixiar o onze de Bilbau na primeira fase de construção (um problema de que os leões não estavam à espera e para o qual não pareciam ter uma solução satisfatória). Com ambos os extremos extremamente subidos e apenas com a linha defensiva e Iturraspe mais perto da bola, os bascos denotavam grandes dificuldades em sair a jogar e, com efeito, o Atlético de Madrid logrou por diversas vezes recuperar a bola em zonas muito perigosas, com pouca cobertura defensiva por parte dos homens de Marcelo Bielsa.
Até ao primeiro golo de Falcao, o Atlético de Madrid pressionou alto, impedindo o Atlético de Bilbau de sair a jogar. |
O Atlético de Madrid empurrou sucessivamente o Atlético Bilbau para trás, destacando sempre um jogador para marcar Javi Martínez. |
Conforme é possível verificar nesta imagem, o Atlético de Bilbau era uma equipa partida, com muito espaço entre sectores, expondo-se repetidamente ao risco. |
Após o primeiro golo, os rojiblancos recuaram as suas linhas por motivos estratégicos. Em primeiro lugar, seria praticamente impossível manter o ritmo inicial e, para além do mais, o resultado era-lhes favorável. Em segundo lugar, se há campo que a equipa de Bielsa tem de melhorar, é a pressão exercida após a perda da bola, abrindo inúmeras brechas. Com Diego, Turan e Adrián, o Atlético de Madrid tinha todas as cartas na mão.
O Atlético de Madrid optou por baixar o bloco após o primeiro golo, tentando lançar rápidos contra-ataques após recuperar a bola. |
Quando a bola estava em posse de Javi Martínez, Diego subia ao seu encontro. |
Cinco segundos depois, Diego estava a marcar Iturraspe. |
Na verdade, a exibição de Diego faz-nos pensar se estaremos de volta a 1994. Nessa altura, o Barcelona tinha o cognome de Dream Team e era liderado por Guardiola (em campo), no seguimento da conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1992. Em 1994, os catalães defrontavam o Milan na final e não restavam dúvidas de que os italianos seriam trucidados. Contudo, os homens de Fabio Capello (sim, esse Capello) foram insuperáveis em termos posicionais e massacraram os espanhóis por 4-0, concedendo a maior fatia da posse de bola - estabelecendo o padrão de quase uma década de blocos baixos, velozes transições e rápidos contra-ataques.
Este ano, vimos diversas equipas que assentam o seu jogo num padrão de passe curto e desmarcação a serem suplantadas por onzes dispostos num defensivo 4x4x1x1; os exemplos do Barcelona, Atlético de Bilbau, Manchester City, entre outros, vêm imediatamente à memória. Estaremos a testemunhar o fim de um ciclo? Servirá o Europeu deste ano para confirmar a tendência e veremos a Espanha a ser eliminada por uma equipa de cariz defensivo com duas linhas de quatro?