Uma das frases repetidas até à exaustão ao longo dos últimos anos é a crescente importância dos lances de bola parada. Hoje em dia, é quase impossível ver e ouvir um jogo na televisão ou no rádio e não ouvir um comentador referir o carácter decisivo deste tipo de jogadas.
Na verdade, a análise estatística dos mais recentes eventos desportivos (três últimas edições da Liga dos Campeões e o mais recente Campeonato Europeu de Futebol), patente nos Relatórios Técnicos disponibilizados pela UEFA a quem pretender analisá-los, remete-nos para outro tipo de conclusões, indicando que a preponderância destes lances tem vindo a diminuir progressivamente. Na verdade, no último Europeu, por exemplo, verificou-se que apenas 1 em cada 64 destas jogadas terminava em golo, o que remete para um baixo índice de eficácia e reduzida probabilidade de golo.
Se, até há algum tempo, se constatava de facto que as bolas paradas decidiam muitas vezes jogos - especialmente por muitas das equipas não estarem alertas para esse facto -, hoje em dia, a maior parte das equipas opta por defender à zona e com uma densa ocupação do espaço em frente à sua baliza, impedindo muitas das vezes as movimentações necessárias para a marcação de um golo.
Ao invés, o que os mais recentes números nos dizem é que uma grande fatia dos golos marcados surgem de rápidas transições ofensivas, seja através da recuperação da bola em zonas adiantadas do campo (por conseguinte, com menor número de defensores pela frente) ou por intermédio de contra-ataques de dois/três toques.
Podemos portanto inferir que, neste momento, que a capacidade de uma equipa mudar rapidamente a sua atitude entre os momentos ofensivos e defensivos se revela cada vez mais decisiva. O futebol caminha aos poucos para uma maior rapidez - não só atlética, mas, acima de tudo, de processos de decisão.