Basileia e Bayern ofereceram na passada quarta-feira um bom espectáculo, com diversas oportunidades de golo (especialmente na primeira parte), conforme esperado. De inesperado apenas o facto de o marcador não ter sofrido alterações até aos 86 minutos. Os primeiros minutos foram efectivamente intensos, com situações de perigo para ambos os lados.
O duelo táctico correspondeu ao previsto. Sem Schweinsteiger, o Bayern é algo previsível nas suas movimentações a partir do centro do terreno, dependendo em demasia das iniciativas de Ribéry e Robben. Tymoschuk e Alaba iniciaram o jogo sem problemas em assumir uma postura mais defensiva e anular os contra-ataques adversários. Com o seu 4x4x2 estreito, o Basileia não parecia importar-se de ceder a iniciativa de jogo, uma vez que tal ia de encontro à sua estratégia e aos seus trunfos, esperando tirar proveito das costas desguardadas da linha defensiva dos alemães - Streller foi, como sempre, o foco das bolas longas, encaminhando-as a propósito para Sharqiri e Frei.
A equipa suíça pareceu inicialmente surpreendida e os bávaros criaram oportunidades nos primeiros minutos, especialmente através das diagonais curtas de Gomez e Ribéry. Contudo, assim que os defesas-centrais se encontraram, o problema foi sendo resolvido. Na verdade, o encontro chegou a um ponto em que se assemelhou a um jogo de pares, com extremos contra laterais, avançados contra defesas-centrais e médios contra médios. Nenhuma das equipas queria disponibilizar demasiados jogadores para o ataque, com receio de expor as costas.
Tal como aconteceu com o Chelsea no dia anterior, o Bayern deixou demasiado espaço atrás do lateral-direito, o que levou a que Streller tivesse tendência para cair para esse mesmo lado, arrastando um dos defesas-centrais e abrindo espaço para Fabian Frei (excelente no aproveitamento do espaço entre os defesas) ou Alexander Frei. Na verdade, não é fácil compreender por que motivo o clube helvético não insistiu mais nesses lances, uma vez que essa situação incomodava manifestamente a improvisada parceria de Boateng e Badstuber. Por outro lado, tal como o jogo em casa contra o Benfica provou, a forma mais fácil de contrariar este estreito 4x4x2 passa por criar situações de superioridade numérica nas alas, arrastando um dos médios-centro e deixando o centro exposto. Estranhamente, Kroos hesitou em tirar proveito dessa movimentação, o que impedia a libertação de espaços.
Com o Basileia a perder fôlego durante a 2ª parte, o Bayern foi tirando o pé do acelerador, dado que um empate era um resultado satisfatório. Infelizmente para os germânicos, Heiko Vögel acertou em cheio nas substituições, substituindo os exaustos médios-ala por Stocker e Zoua. Estes dois jogadores foram decisivos para o resultado final (não só porque um marcou o golo e o outro fez a assistência) ao trazerem um suplemento de energia e movimentações mais incisivas.
Em última análise, o Bayern arrepender-se-á de não ter marcado qualquer golo e necessitará de algo mais que nem Tymoschuk nem Alaba são capazes de oferecer. Por seu turno, o Basileia, embora tenha marcado em todos os jogos fora na presente edição da Liga dos Campeões, terá de resistir a uma intensa pressão inicial, se pretender passar.
PS: O guarda-redes Yann Sommer e o lateral-esquerdo Park Joo Hoo deixaram bons indícios que poderão deixar antever voos mais altos.