1) Itália. É indiscutível que a Itália foi para muita gente a surpresa (pela negativa) do Europeu, até agora, ao sofrer três golos sem resposta de uma Holanda em quem não parecia haver muita a gente disposta a apostar. Pois bem, pessoalmente, e sem tirar qualquer brilho à exibição da Holanda, continuo a achar, mesmo depois de todas as análises de crise do futebol italiano, da culpa do treinador e do catenaccio, que os transalpinos não jogaram assim tão mal quanto se diz e pensa, embora se tenham colocado numa posição difícil num grupo extremamente complicado. A Itália continua a ter uma estrutura muito forte (apesar de a sua defesa ter dado alguns sinais de instabilidade), com um meio-campo muito bom - Pirlo faz as delícias de qualquer um, jogando como 10 a partir da posição de "trinco", sempre bem resguardado por Ambrosini à esquerda e Gattuso à direita -, um ponta-de-lança que aguenta tudo e todos para distribuir jogo e marcar o seu golo de quando em vez e um Di Natale muito veloz e inteligente. A única pecha parece-me ser mesmo Camoranesi, sempre indeciso entre jogar "à Itália" e "à Juventus". Para mim, a Itália está longe de ter feito o último jogo do seu Europeu.
2) Holanda. Um jogo muito bom, sem dúvida, de uma equipa muito mais equilibrada do que o costume, em parte devido à experiência de homens como Ooijer ou Bronckhorst e ao duo de centro-campistas batalhadores que guardam as costas de um Sneijder sempre fantástico e de um van Nistelrooy sedento de golos, ao que parece. No entanto, a Holanda tem raramente o condão de ofuscar ao início para se desvancer quando verdadeiramente importa. Creio que esta equipa tem bom potencial e alcançou uma excelente vitória frente à Itália, mas já não vai poder ter o estatuto de "dark horse" na segunda jornada.
3) Espanha. Uma boa vitória. É indiscutível que foi frente a uma equipa russa com muito poucos argumentos, ao contrário do que seria de esperar, mas quantos vacilam frente a adversários teoricamente mais fáceis (a própria Espanha que o diga). Espanha tem neste momento duas coisas que raramente teve: dois pontas-de-lança muito bons, que se completam de forma quase absoluta (Villa é para mim um dos avançados mais subvalorizados) e um meio-campo com excelente conhecimento de andamentos de jogo composto por Xavi, Iniesta, Xabi Alonso e Marcos Senna. A defesa parece-me lenta e algo exposta, especialmente quando sujeita a pressão alta. A ver vamos se Aragonés ainda vai a tempo.
4) Rússia e Turquia. Pessoalmente, duas das maiores desilusões. Quanto à Suíça e Áustria, creio que não se podia esperar algo de muito diferente de equipas do segundo/terceiro escalão do futebol mundial. Não estava à espera que tanto Russia como Turquia vencesse o Europeu, mas imaginei que tanto uma como outra selecção fosse conseguir impor algum do seu futebol e causar um ou outro incómodo. Pode ser que ainda vão a tempo, mas os sinais apresentados não deixam antever grandes surpresas..
Posto isto, gostaria apenas de fazer referência a alguns jogadores que se revelaram ou confirmaram o seu estatuto:
- Deco - Agastado com as constantes dúvidas em torno da sua atitude e do seu futebol e respaldado no facto de não ter feito demasiado jogos, ameaçou isto desde que chegou à concentração: perfeito domínio dos tempos de jogo, passes de risco de longa distância capazes de fazer tremer as basculações das equipas adversárias, sem medo do jogo. O Deco de antigamente.
- Moutinho - Conforme já expresso noutro ponto deste blogue, impecável a defender, sempre disponível para atacar, não vira a cara à luta e tem sido uma boa parte do segredo desta Selecção.
- Sneijder - Impressionante, este holandês. Inteligente, rápido, excelente primeiro toque e reacção, só tem a melhorar.
- Pirlo e Zambrotta - Apesar de derrotados, creio que merecem um destaque positivo. Pirlo correu a tudo, nunca deixou de pedir bola e tentar organizar jogo, apesar de o jogo nem lhe ter corrido de feição. O todo-o-terreno das laterais Zambrotta acaba o jogo como começou: sempre fresco, pronto a apoiar ataque e defesa, como se estivesse a ouvir música no seu iPod.
- Villa - Diagonais impressionantes, óptima capacidade física, sempre disposto a arriscar e a fazer os movimentos necessários para se libertar a si ou ao seu companheiro de ataque, Fernando Torres. Muito bom, mesmo.
E ainda nem acabou a primeira semana...
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