Comecemos antes de mais pelo Benfica - por ser o clube português com mais adeptos, por ser aquele que arrasta mais debates televisivos aparentemente intermináveis independentemente de estar a jogar bem ou mal, por ser, enfim, o Benfica.
Mais:
- A habitual euforia que todos os Verões (após o campeonato) se apodera do clube da Luz. O defeso é para o Benfica, ainda e sempre, a época de todas as esperanças, o momento em que todos esquecem o ano anterior - geralmente nefasto - e apostam tudo nos novos craques e no novo treinador. Pessoalmente, parece-me que, este ano, o circo montado à volta do maior clube português foi apesar de tudo menor (não obstante a novela da contratação de Aimar) e que isso poderá ter efeitos positivos a breve prazo. Veremos quanto tempo dura este estado de graça.
- Rui Costa. Bem sei que elogiar Rui Costa e o seu papel é já um cliché, apesar de não estar há mais de dois meses em funções. Seja como for, a escolha do treinador foi sua, bem como a responsabilidade de lidar com algumas das contratações mais difíceis de sempre do futebol português. Trouxe ânimo a todos - e não só aos benfiquistas - ao trazer Aimar e Reyes e ao manter Cardozo. O futebol português agradece.
- Quique Flores. É mais do que possível que, daqui a seis meses, o treinador do Benfica esteja a ser atacado por todo o lado, "estando-se mesmo a ver" no que iam dar os seus métodos e opções. Pessoalmente, parece-me uma excelente escolha. Calmo, ponderado, sem os trejeitos dramáticos de Camacho, mas com muito mais substância futebolística, poderá ser, se lhe derem tempo, um dos mais bem sucedidos treinadores do Benfica dos últimos tempos.
Menos:
- A habitual "depressão" que habitualmente se gera após um ou outro desaire, especialmente devido às enormes expectativas que todos os anos os adeptos benfiquistas depositam na sua equipa, criticando-a sem pejo em seguida por não conseguir atingir os objectivos. Num ano em que o clube contratou muita gente nova e dispensou outros tantos, não será fácil acompanhar o ritmo de quem tem outro andamento, apesar de tudo.
- Banco. O Benfica poderá ter um onze muito razoável (embora mantenha as minhas dúvidas em algumas das posições), mas a falta de opções no banco é gritante, especialmente tendo em conta que a época é muito longa - 3 competições internas e a Taça UEFA. Creio que Quique Flores não poderá promover uma grande rotatitividade.
- Yebda e Binya. O meio-campo do Benfica, não obstante todos os elogios feitos a Carlos Martins, está longe ainda de estar perfeitamente oleado. Na verdade, no esquema táctico preferido do técnico encarnado, tanto o franco-argelino como o camaronês me parecem extremamente agressivos e permeáveis em termos tácticos. Não foi raro ver autênticos buracos defensivos deixados tanto por Martins como por Yebda, num esquema que implica que os dois médios-centro sejam extremamente inteligentes. A analisar a reacção da equipa quando estiver a perder; pessoalmente, parece-me extremamente permeável.
Conclusão:
Salvo alguma hecatombe simultânea em Porto e Sporting ou uma caminhada surpreendentemente fulgurante da equipa encarnada, não creio que o Benfica tenha já este ano capacidade para conseguir ombrear com os seus mais directos rivais. Ainda assim, parecem-me estar lançadas boas bases para um futuro promissor.
1 comment:
Excelente análise. Diria até que se soubesse escrever, gostaria de a ter feito desta maneira. Só gostava de reforçar o trabalho do Rui Costa, caso não fique desamparado por um presidente com um pé já de fora (na minha opinião) construirá uma excelente equipa e um balneario forte.
Outro enfase é ao meio-campo com via-verde. Compreendo que não tenha havido tempo para se afinar todas as nuances de posse de bola e todas as posiçoes de recuperação da mesma mas as movimentações do Carlos Martins e do Yebda são um atentado a qualquer tentativa de controle de jogo.
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