A Argentina foi há poucos minutos eliminada sem apelo nem agravo aos pés da Alemanha. Arriscar-me-ia aliás a dizer que a selecção das pampas foi a imagem fiel do seu treinador: muito talento, mas muito pouco trabalho e organização. A uma concepção de jogo romântica e quasi-suicida, a formação germânica mostrou que o futebol actual se rede muito mais em torno de uma ideia de colectivo do que à volta de uma vedeta. Na verdade, quase todas as principais estrelas saíram deste mundial vergadas ao peso da impotência. Os comentadores da RTP referiram com alguma surpresa o facto de a equipa alemã parecer ter-se reinventado com a ausência de Ballack, capitão da equipa. Com efeito, o mesmo tinha acontecido, por exemplo, com Cristiano Ronaldo, com a equipa portuguesa a mostrar-se à altura da ausência da sua vedeta. Pessoalmente, creio que, muitas das vezes, as vedetas são mais problema do que solução, uma vez que as equipas ficam muitas das vezes reféns não só do jogo como também dos egos desses jogadores. Como tal, não pode ser surpreendente ver o surgimento de Mueller, Khedira ou Oezil, sem espaço com Ballack na equipa.
Quanto à questão do treinador, associo frequentemente Maradona a Scolari, pela mesma vontade e "venda de sonhos", mas também pela mesma incapacidade de responder presente quando o treinador é efectivamente necessário. A equipa argentina desmoronou-se logo desde o início, com um enorme espaço vazio à frente de Mascherano e com a total inoperância de Di María ou Maxi Lopez, por exemplo. Pior do que isso, o seleccionador alviceleste não foi capaz de ler o jogo e corrigir esse problema, dando azo a que a equipa alemã controlasse sempre as operações.
PS: Numa altura em que o Armagedão se parecia ter abatido sobre as selecções europeias, eis que há uma forte probabilidade de vermos três equipas do Velho Continente nas quatro semifinalistas.
Saturday, July 3, 2010
Thursday, July 1, 2010
O tamanho da camisola
Declaração de interesses: fiz sempre parte dos críticos de Scolari, independentemente da final (perdida) do Euro 2004 ou das boas prestações da Selecção portuguesa - regra geral, contra equipas de valor inferior. A solução Carlos Queiroz sempre me pareceu apetecível por se tratar não só de um mero treinador, mas também (e mais importante) de um exímio planeador a médio/longo prazo. O ex-seleccionador foi capaz, sem dúvida, de apelar ao sentimento patriótico de um país que há muito não sabia o que tal era. Como vendedor de ilusões, Scolari é insuperável; Queiroz é no máximo sofrível. O seu discurso não inflama paixões, os jogadores parecem sempre distantes do "mister" e a sua liderança pareceu ser posta em causa demasiadas vezes (Deco, Nani, Hugo Almeida, entre outros).
No entanto, creio ser injusta a mais recente onda de críticas. Por muito que não se queira aceitar o facto, os seleccionadores são "forçados" a jogar com os jogadores que existem. Dissociar o trabalho de Scolari do onze formado por Mourinho que havia ganho um mês antes a Liga dos Campeões é tarefa ingénua ou mal-intencionada. Aliás, bastará ver a evolução (negativa) à medida que o tempo foi passando, com a turma das quinas a descer sempre um degrau. Convém também não esquecer o importante facto de Scolari ter disputado (e perdido categoricamente) o seu primeiro jogo oficial dois anos depois de ter assumido o cargo. Relembro também o chorrilho de críticas de que Scolari foi alvo quando, num amigável de Guimarães, Portugal foi batido por esta mesma espanha por uns copiosos 3-0.
Por último, o reinado de Scolari teve a meu ver uma incontornável consequência negativa: dada a sua filosofia de tornar a equipa portuguesa numa espécie de clube dos vinte amigos, em que jogavam os melhores independentemente da sua forma, o treinador brasileiro como que aniquilou a renovação que é necessário realizar em todas as selecções. Como tal, não é de estranhar as dificuldades por que Queiroz passou quando teve de inventar um lateral-esquerdo, um guarda-redes (porque Ricardo nunca foi um titular indiscutível por mérito próprio, com ou sem luvas), um trinco, entre outros. Não é coincidência alguma que o melhor período da selecção A tenha correspondido ao maior degrego das selecções jovens.
Quanto à obrigação ou não de Portugal ultrapassar a Espanha, chegar à final e vencer a outra equipa como se de uma mera formalidade se tratasse, gostaria apenas de deter-me em alguns casos paradigmáticos referentes àquilo que consideramos uma equipa de estrela. Se retirarmos Cristiano Ronaldo da equação, quem são as vedetas que consideramos como capazes de vencer um Campeonato do Mundo? Ricardo Costa por oposição a Sérgio Ramos? Raúl Meireles ou Tiago por oposição a Xavi ou Iniesta? Hugo Almeida por oposição a Torres? Os dois centrais portugueses serão porventura o que de mais perto temos de figuras mundiais (mais Ricardo Carvalho do que Bruno Alves, naturalmente) e há limites para a superção das capacidades individuais. Talvez o principal erro desta selecção tenha sido continuar a assumir que está no lote de Argentina, Brasil, Alemanha ou Espanha. Por fim, gostaria também de não ter ficado com a sensação de que Portugal não tinha um plano de contingência caso se apanhasse a perder com a Espanha.
No que diz respeito ao Mundial, serei o primeiro a concordar que Queiroz parece ter imensas dificuldades de "vender o seu produto", de convencer jogadores, imprensa e adeptos, de capitalizar a emoção. No futebol, como em qualquer outra actividade, a forma como se lideram as pessoas é tão ou mais importante do que os méritos técnicos. Não duvido por um momento das competências técnicas do seleccionador nacional, mas isso nem sempre basta para levar outros a acreditarem na liderança.
E é esta questão que me traz ao meu ponto derradeiro. Independentemente dos jogadores que componham a selecção portuguesa (ou qualquer outra equipa), a atitude é algo que não está relacionada com as capacidades técnico-tácticas dos jogadores. Portugal pareceu voltar aos tempos em que parecia querer perder por poucos, em que a bola queimava e em que sobrava uma ou outra lenda, como o pontapé de Carlos Manuel contra a Alemanha. Portugal pode não estar dotado de Messis, Di Marías, Kakás, Robinhos e muitos outros, mas não pode ter receio seja de que equipa for. O que critiquei no primeiro jogo, contra a Costa do Marfim, continua válido, a meu ver. No reinado de Queiroz, Portugal parece ter mais medo de perder (por muitos, por vezes) do que vontade de ganhar.
Monday, June 28, 2010
O espírito de equipa
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Wednesday, June 16, 2010
Quando se fala de bugalhos
No último jogo de Portugal de preparação para o Mundial que se avizinhava, foi possível ouvir pérolas de todos os quadrantes, especialmente na transmissão em directo de um dos canais abertos. Algures durante o jogo, pudemos constatar que o que interessava ao enfrentar selecções nos jogos de preparação era golear, porque isso transmitia uma sensação de confiança e temor.
Pois bem, depois da vitória da Suíça (que não ganhou um único jogo de preparação) sobre a Espanha (que goleou inclusivamente a Polónia no último encontro antes da competição), talvez fosse útil que algumas pessoas metessem a mão na consciência e pensassem antes de tecer alguns comentários, pelo mesmo motivo pelo qual ninguém pergunta a Mourinho ou Queiroz o que acham sobre o défice oçamental ou a crise do desemprego.
Pois bem, depois da vitória da Suíça (que não ganhou um único jogo de preparação) sobre a Espanha (que goleou inclusivamente a Polónia no último encontro antes da competição), talvez fosse útil que algumas pessoas metessem a mão na consciência e pensassem antes de tecer alguns comentários, pelo mesmo motivo pelo qual ninguém pergunta a Mourinho ou Queiroz o que acham sobre o défice oçamental ou a crise do desemprego.
Sem margem para errar
A frase (da autoria de Carlos Queiroz, infeliz à luz de qualquer conceito de liderança, uma vez que, em vez de retirar pressão dos ombros dos jogadores, lhes retirava qualquer margem de manobra) pareceu reger todo o jogo que opôs ontem Portugal à Costa do Marfim.
Tal como acontece em qualquer outra dimensão das nossas vidas, há quem tenha mais medo de perder do que vontade de ganhar, pessoas que perguntam "porquê" em vez de "porque não". Pois bem, Portugal foi ontem um espelho fiel desse estado de espírito, parecendo sempre ter muito mais receio de falhar do que ambição de impor o seu estatuto de favorito, enquanto 3ª classificada do ranking da FIFA. Talvez, em retrospectiva, o tempo venha a dar razão a Carlos Queiroz e à sua estratégia, mas a margem para errar é agora ainda mais diminuta e a pressão não vai parar de crescer.
Tal como acontece em qualquer outra dimensão das nossas vidas, há quem tenha mais medo de perder do que vontade de ganhar, pessoas que perguntam "porquê" em vez de "porque não". Pois bem, Portugal foi ontem um espelho fiel desse estado de espírito, parecendo sempre ter muito mais receio de falhar do que ambição de impor o seu estatuto de favorito, enquanto 3ª classificada do ranking da FIFA. Talvez, em retrospectiva, o tempo venha a dar razão a Carlos Queiroz e à sua estratégia, mas a margem para errar é agora ainda mais diminuta e a pressão não vai parar de crescer.
Monday, June 14, 2010
Quando o resultado não diz tudo
É indiscutível que é impossível escamotear uma vitória. A Holanda levou de vencida a selecção dinamarquesa por 2-0, resultado que parece oferecer pouca matéria de discussão. No entanto, creio que não será tanto assim, dado que a equipa laranja demonstrou algumas lacunas preocupantes para quem costuma aspirar (e falhar) a voos mais altos.
A Dinamarca apresentou-se num 4x4x2 clássico, com Rommedahl ligeiramente atrás do ponta-de-lança Bendtner, escolhendo a linha de meio-campo como zona de pressão preferencial. Em vez de se preocupar com as individualidades holandesas, a equipa de Morton Olsen preferiu sempre concentrar-se na posição da bola, saindo ao seu portador sempre que aquela cruzava a linha do meio-campo. Com isto, aliado à pouca mobilidade dos seus quatro jogadores mais avançados, a Holanda tinha mais posse de bola, mas mostrava grandes dificuldades no último terço do terreno.
Ao invés, o onze da equipa dos vikings não só mostrava uma boa organização defensiva, como provava - lance após lance - ter contra-ataques bem trabalhados e rotinados, colocando a defensiva adversária em guarda. Não fora aquele autogolo assaz estranho e creio que estaríamos a falar de um resultado diferente.
No que diz respeito apenas à laranja (hoje pouco) mecânica, destaque para a invulgar agressividade com que os seus jogadores mais recuados abordavam os adversários e o enorme espaço nas costas que tanto van Bommel como de Jong deixam sempre que se aventuram no ataque. Com efeito, as transições defensivas da equipa das tulipas deixam neste momento muito a desejar. A menos que alguns destes problemas sejam resolvidos num futuro não muito distante, creio que a Holanda terá dificuldades em impor-se a equipas de maior porte.
A Dinamarca apresentou-se num 4x4x2 clássico, com Rommedahl ligeiramente atrás do ponta-de-lança Bendtner, escolhendo a linha de meio-campo como zona de pressão preferencial. Em vez de se preocupar com as individualidades holandesas, a equipa de Morton Olsen preferiu sempre concentrar-se na posição da bola, saindo ao seu portador sempre que aquela cruzava a linha do meio-campo. Com isto, aliado à pouca mobilidade dos seus quatro jogadores mais avançados, a Holanda tinha mais posse de bola, mas mostrava grandes dificuldades no último terço do terreno.
Ao invés, o onze da equipa dos vikings não só mostrava uma boa organização defensiva, como provava - lance após lance - ter contra-ataques bem trabalhados e rotinados, colocando a defensiva adversária em guarda. Não fora aquele autogolo assaz estranho e creio que estaríamos a falar de um resultado diferente.
No que diz respeito apenas à laranja (hoje pouco) mecânica, destaque para a invulgar agressividade com que os seus jogadores mais recuados abordavam os adversários e o enorme espaço nas costas que tanto van Bommel como de Jong deixam sempre que se aventuram no ataque. Com efeito, as transições defensivas da equipa das tulipas deixam neste momento muito a desejar. A menos que alguns destes problemas sejam resolvidos num futuro não muito distante, creio que a Holanda terá dificuldades em impor-se a equipas de maior porte.
Curiosidade II
Se até a FIFA permite a transmissão em tempo real dos jogos nos ecrãs dos estádios, de modo a que os espectadores não percam pitada da acção, de que continuamos nós à espera, em Portugal?
Quando a fartura dá em fome
Enquanto via ontem as finais da NBA, dei por mim a perguntar-me a mim mesmo por que motivo apenas no futebol ouço comentadores que parecem saber pouco da poda e que mostram o mesmo entusiasmo que tenho quando sou forçado a ir às compras. Na verdade, qualquer desporto tem comentadores entusiastas, mais do que sabedores da matéria e sempre prontos a explicar-nos coisas que não vemos à primeira (Pedro Catita no futsal da RTP, Tiago Monteiro na Fórmula 1 da Sporttv, Carlos Barroca e Luís Avelãs na NBA, no mesmo canal).
Por que motivo apenas o futebol nos traz comentadores sempre predispostos a dizer que o jogo está a ser fraco ou que não há novidades neste torneio? O futebol não precisa de ser bem "vendido", como qualquer outra modalidade?
Quem poderia adivinhar?
Para minha grande surpresa, Ricardo Quaresma não vingou no Inter de Milão e foi recambiado para o Besiktas, da Turquia. É quase como se a sua atitude de "eu não mudo a minha forma de jogar, a equipa que jogue para mim" não se adaptasse à realidade futebolística do século XXI...
Sunday, June 13, 2010
Quando o pior receio se torna realidade
A Inglaterra domina um jogo com o destino aparentemente traçado. Os Estados Unidos mostram-se incapazes de ameaçar a baliza inglesa e sofrem bastante com a pressão exercida na sua primeira fase de construção. Uma grande parte dos adeptos da equipa de Sua Majestade olhou desconfiada quando viu o nome do guarda-redes titular, dada ser essa a principal dor de cabeça de qualquer seleccionador inglês. Minuto 39. Robert Green, o guardião inglês, dá um frango monumental e confirma todos os receios de treinador e adeptos. Não mais a equipa dos três leões se recompôs e o resultado final foi mesmo um empate.
De resto, este foi mais um jogo em que pudemos constatar o contrário daquilo que lia há alguns dias atrás ao passar os olhos de um colunista da modalidade: segundo o especialista em questão, para nosso grande infortúnio, as equipas iriam apostar neste Mundial num único avançado, ao contrário de épocas passadas - como se isso significasse a morte do futebol bonito ou bem jogado, parecendo esquecer-se que a unanimemente reconhecida equipa do Barcelona joga dessa mesma forma. Ao invés, são já diversas as equipas que optaram por jogar com dois avançados (não lhes chamaremos pontas-de-lança, por não se limitarem a ficar na grande área à espera que a bola lhes chegue), da Inglaterra aos Estados Unidos, passando pela Argentina. A ver vamos que outras surpresas este Mundial nos traz.
De resto, este foi mais um jogo em que pudemos constatar o contrário daquilo que lia há alguns dias atrás ao passar os olhos de um colunista da modalidade: segundo o especialista em questão, para nosso grande infortúnio, as equipas iriam apostar neste Mundial num único avançado, ao contrário de épocas passadas - como se isso significasse a morte do futebol bonito ou bem jogado, parecendo esquecer-se que a unanimemente reconhecida equipa do Barcelona joga dessa mesma forma. Ao invés, são já diversas as equipas que optaram por jogar com dois avançados (não lhes chamaremos pontas-de-lança, por não se limitarem a ficar na grande área à espera que a bola lhes chegue), da Inglaterra aos Estados Unidos, passando pela Argentina. A ver vamos que outras surpresas este Mundial nos traz.
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Saturday, June 12, 2010
A candidatura argentina?
Depois da (não tão surpreendente) vitória da Coreia do Sul sobre a Grécia por 2-0, o segundo jogo do dia colocava frente a frente Argentina e Nigéria, com dois conceitos futebolísticos bastante diferentes. O jogo teve um início bastante acelerado, com a Argentina a optar imediatamente por uma sufocante pressão sobre a bola mal a possa da mesma era perdida, com especial enfoque neste aspecto para o trabalho de Verón e Mascherano, os dois médios-volante.
Assente numa espécie de 4x2x3x1, com Gutiérrez e Heinze nas laterais defensivas, a selecção das pampas apostava na estabilidade dos dois médios mais posicionais acima referidos, o que permitia uma grande liberdade de movimentos ao quarteto mais avançado - Messi, Di María, Tévez e Higuaín. Com efeito, estes quatro jogadores pareciam ter instruções para se movimentarem à sua vontade, confundindo as marcações em grande medida.
No que diz respeito à Nigéria, demonstrou - um pouco à semelhança do que ocorrera no jogo inaugural com a África do Sul - grandes dificuldades no jogo entre linhas, oferecendo muitos espaços entre as linhas média e defensiva, muito bem aproveitados pelos adversários.
Quanto aos destaques, peço desde já desculpa pela repetição da posição, mas o guarda-redes nigeriano Enyeama mostrou excelentes pormenores ao nível de reflexos e posicionamento entre os postes. Messi é Messi e conseguiu refutar parte das críticas que lhe são feitas quando joga na selecção. Realce também para o fantástico golo de Heinze, com uma bela cabeçada no seguimento de um canto. No entanto, a posição de lateral-direito ocupada por Gutiérrez deixou-me algumas dúvidas, uma vez que o jogador em questão não me parece ter as características e rotinas necessárias para ocupar essa posição. A rever.
Melhores momentos aqui.
Assente numa espécie de 4x2x3x1, com Gutiérrez e Heinze nas laterais defensivas, a selecção das pampas apostava na estabilidade dos dois médios mais posicionais acima referidos, o que permitia uma grande liberdade de movimentos ao quarteto mais avançado - Messi, Di María, Tévez e Higuaín. Com efeito, estes quatro jogadores pareciam ter instruções para se movimentarem à sua vontade, confundindo as marcações em grande medida.
No que diz respeito à Nigéria, demonstrou - um pouco à semelhança do que ocorrera no jogo inaugural com a África do Sul - grandes dificuldades no jogo entre linhas, oferecendo muitos espaços entre as linhas média e defensiva, muito bem aproveitados pelos adversários.
Quanto aos destaques, peço desde já desculpa pela repetição da posição, mas o guarda-redes nigeriano Enyeama mostrou excelentes pormenores ao nível de reflexos e posicionamento entre os postes. Messi é Messi e conseguiu refutar parte das críticas que lhe são feitas quando joga na selecção. Realce também para o fantástico golo de Heinze, com uma bela cabeçada no seguimento de um canto. No entanto, a posição de lateral-direito ocupada por Gutiérrez deixou-me algumas dúvidas, uma vez que o jogador em questão não me parece ter as características e rotinas necessárias para ocupar essa posição. A rever.
Melhores momentos aqui.
Friday, June 11, 2010
Curiosidade
Não querendo de forma alguma beliscar as competências de todos os treinadores e preparadores físicos que vivem no(do) futebol, não consigo deixar de me indagar sobre algo: como é possível que, ao fim de 82 jogos na época regular, e mais 15 (dependendo dos adversários) jogos no playoff, os basquetebolistas das duas equipas finalistas da NBA estejam em condições de jogar no Domingo à noite em Los Angeles e, dois dias e 5000 km depois (não falando já nos fusos horários), jogar na noite de terça-feira e proporcionar um óptimo espectáculo ainda assim?
It's good to be back
Ao fim de uns quantos meses de silêncio, nada como um Campeonato do Mundo para regressar em beleza. Dadas todas as palavras que já foram ditas sobre o significado deste Mundial em terras africanas, aproveito a "boleia" e salto imediatamente para a parte seguinte: o futebol em si.
Na verdade, no fim do primeiro dia, que nos presenteou com dois jogos, não posso deixar de constatar a surpresa que ainda é ver jogar equipas que não as europeias. Infelizmente, incluo-me na grande maioria dos europeus cujo umbigo é demasiado grande para lhes permitir inteirarem-se das competições fora do Velho Continente.
Lia eu ainda esta semana uma coluna de um escritor das andanças do futebol, de seu nome Jonathan Wilson, que se queixava precisamente da ausência de surpresas nos actuais Mundiais, nos dias que corriam (por oposição às maravilhas do 4x2x4 de Brasil de 1958 ou do Futebol Total holandês da década de '70), em grande parte por culpa das competições de clubes. Por certo que os dois jogos de hoje não nos trouxeram novidades dessa monta, mas pormenores houve a reter. Vamos por partes, pois então.
O jogo inaugural trouxe-nos um embate entre a nação anfitriã, África do Sul, e o México. Os primeiros 20 minutos caracterizaram-se por uma intensa pressão da equipa mexicana, com o onze sul-africano a demonstrar imensas dificuldades para suster o bom jogo entre linhas do adversário. A primeira surpresa veio, com efeito, da equipa azteca. Partindo de um 4x3x3 no papel, o lateral-direito disparava para o ataque, chegando quase a funcionar como médio-ala, tão só. Como compensação, Rafa Márquez, partindo da posição 6, recuava para o centro do terreno, fazendo com que a equipa assumisse uma configuração mais próxima de um 3x4x3, com dois extremos abertos e o eterno Guille Franco na frente.
No entanto, a segunda parte trouxe uma África do Sul mais serena e foi sem surpresa que surgiu o primeiro golo da competição (de execução fantástica, conforme poderão ver mais abaixo), da autoria de Tshalalaba. A partir daí, o México demonstrou grandes« dificuldade em recuperar o controlo da partida, tendo contudo conseguido chegar à igualdade. Não obstante, tudo poderia ter sido bem diferente se a bola que Modise atirou ao poste no último minuto tivesse entrado.
Gostaria de destacar por último o jovem guarda-redes sul-africano, Kühne, que demonstrou segurança entre os postes e uma excelente capacidade de colocação de bolas longas com o pé, isolando companheiros de equipa em venenosos contra-ataques.
A segunda partida do dia opôs a França ao Uruguai. Também aqui pudemos ver um onze escalonado num tradicional 4x3x3 (surpreendente a ausência de Malouda) contra uma equipa assente num claro 3x5x2. Na verdade, o Uruguai apostou sem hesitações numa linha recuada de três centrais, com Maxi e Álvaro Pereira a ocuparem as laterais (do meio-campo, note-se). Contudo, tal como tantas vezes acontece neste sistema, notou-se muito espaço entre os defesas-centrais e as alas, tendo a equipa azul-celeste demonstrado algumas dificuldades na organização ofensiva.
Num jogo tacticamente entretido, mas sem grandes oportunidades de golo, o principal destaque vai, como não poderia deixar de ser, para Diego Forlán, o enorme avançado uruguaio. Com efeito, este autêntico dínamo está sempre disponível para proporcionar um apoio frontal aos seus companheiros, demonstrando sempre que possível o seu potente remate sempre que consegue enquadrar-se com a baliza. Ressalve-se também a capacidade de luta de Ríos, um dois dois médios de contenção que jogavam à frente da defesa.
Na verdade, no fim do primeiro dia, que nos presenteou com dois jogos, não posso deixar de constatar a surpresa que ainda é ver jogar equipas que não as europeias. Infelizmente, incluo-me na grande maioria dos europeus cujo umbigo é demasiado grande para lhes permitir inteirarem-se das competições fora do Velho Continente.
Lia eu ainda esta semana uma coluna de um escritor das andanças do futebol, de seu nome Jonathan Wilson, que se queixava precisamente da ausência de surpresas nos actuais Mundiais, nos dias que corriam (por oposição às maravilhas do 4x2x4 de Brasil de 1958 ou do Futebol Total holandês da década de '70), em grande parte por culpa das competições de clubes. Por certo que os dois jogos de hoje não nos trouxeram novidades dessa monta, mas pormenores houve a reter. Vamos por partes, pois então.
O jogo inaugural trouxe-nos um embate entre a nação anfitriã, África do Sul, e o México. Os primeiros 20 minutos caracterizaram-se por uma intensa pressão da equipa mexicana, com o onze sul-africano a demonstrar imensas dificuldades para suster o bom jogo entre linhas do adversário. A primeira surpresa veio, com efeito, da equipa azteca. Partindo de um 4x3x3 no papel, o lateral-direito disparava para o ataque, chegando quase a funcionar como médio-ala, tão só. Como compensação, Rafa Márquez, partindo da posição 6, recuava para o centro do terreno, fazendo com que a equipa assumisse uma configuração mais próxima de um 3x4x3, com dois extremos abertos e o eterno Guille Franco na frente.
No entanto, a segunda parte trouxe uma África do Sul mais serena e foi sem surpresa que surgiu o primeiro golo da competição (de execução fantástica, conforme poderão ver mais abaixo), da autoria de Tshalalaba. A partir daí, o México demonstrou grandes« dificuldade em recuperar o controlo da partida, tendo contudo conseguido chegar à igualdade. Não obstante, tudo poderia ter sido bem diferente se a bola que Modise atirou ao poste no último minuto tivesse entrado.
Gostaria de destacar por último o jovem guarda-redes sul-africano, Kühne, que demonstrou segurança entre os postes e uma excelente capacidade de colocação de bolas longas com o pé, isolando companheiros de equipa em venenosos contra-ataques.
A segunda partida do dia opôs a França ao Uruguai. Também aqui pudemos ver um onze escalonado num tradicional 4x3x3 (surpreendente a ausência de Malouda) contra uma equipa assente num claro 3x5x2. Na verdade, o Uruguai apostou sem hesitações numa linha recuada de três centrais, com Maxi e Álvaro Pereira a ocuparem as laterais (do meio-campo, note-se). Contudo, tal como tantas vezes acontece neste sistema, notou-se muito espaço entre os defesas-centrais e as alas, tendo a equipa azul-celeste demonstrado algumas dificuldades na organização ofensiva.
Num jogo tacticamente entretido, mas sem grandes oportunidades de golo, o principal destaque vai, como não poderia deixar de ser, para Diego Forlán, o enorme avançado uruguaio. Com efeito, este autêntico dínamo está sempre disponível para proporcionar um apoio frontal aos seus companheiros, demonstrando sempre que possível o seu potente remate sempre que consegue enquadrar-se com a baliza. Ressalve-se também a capacidade de luta de Ríos, um dois dois médios de contenção que jogavam à frente da defesa.
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