A Rússia não deu qualquer hipótese à Holanda e apurou-se para as meias-finais do Campeonato da Europa de 2008. Não fora o golo (muito) tardio de van Nistelrooy e a Holanda teria, tal como Portugal, perdido o jogo em 90 minutos, muito por culpa própria (ver post mais abaixo). Assim sendo, foi forçada a ir a um prolongamento a todos os títulos humilhante. Apesar do dia de descanso extra, apesar de ser a favorita, apesar de ter marcado um golo em cima da hora (supostamente desmoralizando assim um adversário que já contava com a derrota), apesar de quase todos os seus titulares terem assistido de fora ao jogo com a Roménia - apesar de tudo isto, a Holanda era uma equipa física e animicamente abatida e a Rússia encarregou-se de comprovar isso mesmo, fazendo um prolongamento como há muito não se via e demolindo qualquer resistência laranja. Os russos marcaram dois golos no prolongamento, enviaram uma bola à barra, mas, acima de tudo, demonstraram uma capacidade física invulgar - com certeza explicável pelo facto de irem apenas a meio da época, e não no final da mesma, como a maioria dos restantes participantes no Europeu.
A Rússia fez aquilo que dela (eu) esperava. Na verdade, apesar de não apostar na Rússia como vencedora do Euro, não tinha grandes dúvidas de que passaria a Holanda sem grandes problemas, uma vez que tinha mostrado ser muito mais equipa e muito mais flexível às nuances tácticas dos diferentes jogos e respectivos momentos. Ou seja, Guus Hiddink demonstrou mais uma vez estar talhado para este tipo de confrontos, conseguindo não só potenciar ao máximo as capacidades dos seus jogadores, como também anular as forças do adversário. Hiddink sabia que a Holanda precisava de bola para atacar, mas que, ao fazê-lo, ficava muito exposta. Como resultado, roubou a iniciativa de jogo e aproveitou o constante desequilíbrio e falta de vocação defensiva dos seus muitos jogadores atacantes (van Persie, Sneijder, van der Vaart, van Nistelrooy). Para piorar a situação para o lado holandês, os russos apostaram no seu futebol de constantes movimentações, provando que, apesar de a técnica ser importantíssima, a sábia ocupação dos espaços faz maravilhas. Como diz o ditado, "um bom jogador resolve um jogo; uma boa equipa resolve campeonatos".
Tenho muita curiosidade em saber até que ponto a Rússia vain conseguir aguentar esta pressão que surge agora de ser a equipa do momento (sucedendo precisamente à Holanda), não podendo já apostar na táctica de contra-golpe, própria de quem é apenas um outsider. A partir de agora, tal como aconteceu com a suposta Laranja Mecânica, todos os olhares estarão voltados para a equipa de Hiddink. No fundo, esta selecção russa é a versão transnacional do Zenit que venceu a última edição da Taça UEFA - dois jogadores que desequilibram os pratos da balança, mas que não deixam de ajudar a equipa enquanto colectivo (uma característica que ainda falta a Cristiano Ronaldo, por exemplo), um elenco de suporte que sabe o que tem a fazer, movimentando-se para os espaços vazios de modo a libertarem as estrelas, e deslocações muito a proprósito.
Pessoalmente, creio que a Rússia não tem ainda o traquejo e a manha necessários para conseguir levar de vencida uma Alemanha, por exemplo, mas desenganem-se os espanhóis se pensarem que vão ver uma reedição do primeiro jogo da sua selecção, frente a esta mesma Rússia.
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