Friday, June 27, 2008

E o teimoso sou eu

Há quem diga, de entre aqueles que me conhecem, que sou muito teimoso, ainda mais que o próprio Scolari, o que não é tarefa muito fácil, como todos sabemos - não, não vou aproveitar para colocar mais uma vez o ex-seleccionador em causa. Sou teimoso, sim, por continuar a achar que a Alemanha não tem necessariamente futebol para estar onde está. Dir-me-ão que sim, claro que tem; afinal de contas, está na final do Europeu. Pessoalmente, tento ver os resultados de uma forma mais crítica do que o simples "ganhou, é bom". Aliás, foi precisamente esse olhar que me permitiu arriscar o palpite de que a Grécia não voltaria a ir longe com Otto Rehagel, apesar da vitória no Euro 2004 ou que Portugal não passaria da primeira fase (passou, bem o sei, mas apenas para perder com uma equipa "a sério" logo em seguida).

A Alemanha tem bons jogadores (Podolski e Schweinsteiger, Frings e Ballack, por exemplo), obviamente, mas é uma equipa desequilibrada e com óbvios pontos fracos. A dulpa de centrais está longe de convencer, o guarda-redes germânico assemelha-se em vários aspectos a Ricardo e é relativamente simples contrariar a sua construção de jogo. No entanto, pelo que parece, nada disso é suficiente para permitir uma vitória aos adversários. A Alemanha sofreu mais uma vez, na passada quarta-feira, enormes sustos perante o seu oponente - a Turquia. Durante a primeira parte, houve bolas na trave, combinações muito perigosas e a propósito, pressão alta por parte dos turcos, mas tudo isso rendeu apenas um golo. Como se não chegasse, a Alemanha marcou logo a seguir. Na verdade, o domínio turco (honra seja feita não só à sua bravura, que roça por vezes a inconsciência de quem tudo quer e... tudo perde, mas também à lição de futebol que deu ao adversário, sabendo o que atacar e quando) foi de tal ordem, que a Alemanha apenas rematou três vezes. Para mal dos otomanos, os três remates foram certeiros.

É óbvio que não vou alinhar pelo argumento de que os resultados teutónicos são apenas fruto da sorte. É indiscutível que há mérito na forma como abordam as bolas paradas, por exemplo, nas diagonais de Schweinsteiger e no pé esquerdo de Podolski - apenas sugiro que o substrato é menor do que o que os resultados poderão dar a entender, para mim. Estou na verdade muito curioso com a resposta da Alemanha frente à "La Roja", que parece vir em crescendo de forma, especialmente depois da vitória de ontem, mesmo sem o seu melhor marcador. Pessoalmente, creio que o seu 4x2x3x1 resultará muito melhor para travar as investidas castelhanas do que frente aos turcos, sempre muito mais mexidos e mais disponíveis para constantes trocas de posições.

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