Como que para comprovar a minha ignorância e a falibilidade das minhas "previsões", a Rússia perdeu ontem de forma absoluta. Não perdeu, como a Turquia, porque a sorte lhe foi madrasta, por ter do outro lado uma equipa alemã com a estrelinha de campeã ou por um qualquer capricho do árbitro. Pelo contrário, ao invés do que tinha dito, a selecção russa foi categoricamente derrotada, com a mesma diferença de golos do jogo da primeira jornada: 3-0. Muito honestamente, creio que a Rússia perdeu por culpa própria. Não faltam nem faltarão os arautos das qualidades espanholas, de Xavi a Iniesta (excelente assistência no primeiro golo - vamos fazer de contas que a intenção não era rematar à baliza, mas sim um passe magistral para Xavi), de Fabregas a Villa, o grande ausente da final; eu não serei um desses arautos.
A Rússia perdeu porque nem sequer entrou em campo. Na verdade, o seu Europeu pareceu terminar no momento em que o árbitro deu como terminado o jogo dos quartos-de-final frente à Holanda. Enquanto via esse jogo com amigos, foram vários os que manifestaram a sua surpresa para com a forma física da Rússia, como se parecessem querer trucidar os holandeses, independentemente do lugar nas meias-finais. Nenhum de nós conseguia perceber como é que aquela selecção parecia estar em tão melhor forma física e de que forma é que todo aquele entusiasmo não teria reflexos nocivos no jogo seguinte. Pois bem, os reflexos foram muito mais do que nocivos. A selecção russa não compareceu ao jogo.
Há que dar mérito ao plano de jogo espanhol, naturalmente, mas não demasiado. Não creio, à semelhança dos vários textos que já li hoje, que tenha sido a Espanha a anular as principais armas russas. Se é certo que Sérgio Ramos escolheu precisamente o jogo de ontem para me fazer ver que é melhor jogador do que eu penso, colocando imensas dificuldades a Zhirkov, não é menos verdade que a Rússia esteve longe de desenvolver as suas movimentações e muito mais longe de interpretar bem a táctica da Espanha (que não surpreendeu nada nem ninguém com a sua forma de jogar). Tenho noção de que "queimei a língua", como se costuma dizer, ao apostar na Rússia para vencer a Espanha, mas não nego que o jogo da armanda espanhola emperra muito facilmente se lhe retirarem o comando do jogo (como os russos haviam feito à Holanda) e com uma pressão mais alta, uma vez que os castelhanos privilegiam o ritmo lento e em progressão, ficando muitas vezes desposicionados ao defender.
Parabéns à Espanha - acima de tudo, por ter conseguido chegar até aqui, algo que não faziam há várias décadas. Esta geração demonstrou, não obstante todas as suas falhas, maior força de carácter do que as anteriores fornadas de Michel, Hierro, Butragueño, entre outros.
Gostava apenas de acrescentar uma última nota: a Espanha dominou todo o jogo, indiscutivelmente, mas os golos apenas surgiram depois da substituição de Villa por Fabregas. Com esta alteração, a Espanha deixou de ser a única equipa a actuar com dois pontas-de-lança (com Villa a sobrepor-se de forma notória a Torres em todos os aspectos), para passar a actuar mais perto de um 4x2x31, muito semelhante ao alemão). Duvido que Aragonés arrisque na colocação de Güiza no onze inicial, o que, a acontecer, deverá proporcionar um maior equilíbrio entre as partes.
1 comment:
La aportación de Senna, fundamental para la buena marcha del equipo español, como en el pasado la de Rubén Cano
Post a Comment