Equipas iniciais |
O encontro entre Bayer Leverkusen e Benfica era (juntamente com a partida que opunha Tottenham e Lyon) provavelmente um dos mais apetecidos desta ronda da Liga Europa. Duas equipas de qualidade, com abordagens e formações distintas, a disputar uma presença na fase seguinte da competição.
Se subsistiam dúvidas de que a Liga Europa não envolve o mesmo tipo de respeito e interesse por parte dos clubes (e, por arrasto, dos adeptos), o jogo da noite passada encarregou-se de as dissipar. Ambos os treinadores optaram por rodar as suas equipas, aparentemente mais preocupados com as partidas do próximo fim-de-semana nos seus campeonatos (o Bayer, por exemplo, defrontará o penúltimo classificado da Bundesliga). Jorge Jesus fez descansar Máxi Pereira, Enzo Pérez, Lima e Sálvio. Sasha Lewandowksi e Sami Hyppia tomaram uma opção semelhante e promoveram diversas alterações na defesa e no meio-campo, deixando o ataque intacto.
Quando ambas as equipas subiram ao relvado, confirmaram-se as suspeitas: o Bayer Leverkusen jogaria em 4x3x3, um sistema que causa frequentemente problemas aos comandados de Jesus. Algumas opiniões antes do jogo apontavam para a possibilidade de Benfica e Bayer Leverkusen poderem vir a inverter papéis enquanto visitados e visitantes - o Benfica pressionando de forma mais intensa e o Bayer Leverkusen a jogar no contra-ataque -, mas verificou-se o contrário.
Apesar de fazer alinhar um onze recheado de jogadores de características mais ofensivas, Jesus decidiu-se por um plano mais calculista, com Ola John e Urreta bem cientes das suas tarefas defensivas. Por sua vez, essa estratégia forçou a equipa alemã a recorrer a um tipo de jogo com que não se sente confortável: assumir iniciativa e dominar a posse de bola. Ainda assim, é de salientar que o actual terceiro classificado da Bundesliga foi capaz de se adaptar com sucesso durante os primeiros 25 minutos. Conforme tantas vezes sucede quando o Benfica defronta um 4x3x3, havia um vazio no centro, uma vez que Gaitán - a jogar nas costas de Cardozo - não recuava, o que permitia que o Bayer Leverkusen tivesse sempre um homem adicional no centro.
Com efeito, tanto Matic como André Gomes sentiam a necessidade de subir no terreno e encostar nos médios do Bayer Leverkusen, de modo a evitar que desfrutassem de demasiado tempo em posse, o que fez com que a linha benfiquista mais recuada se visse frequentemente obrigada a enfrentar por si só a enorme fluidez do trio ofensivo contrário - Castro à direita, Schürrle à esquerda e Kiessling como ponta-de-lança.
Durante os 25 minutos iniciais, a equipa da casa encontrou inúmeras opções de passe pelo meio, com Kiessling a recuar para receber o esférico e entregá-lo a Schürrle ou Bender, o médio mais ofensivo do Bayer Leverkusen. Graças às investidas de Hosogai pelo flanco direito (com Castro a flectir para o centro e libertando o espaço), os alemães lograram conquistar posições extremamente favoráveis, acabando por retirar poucos proveitos devido a abordagens técnicas ou decisões menos precisas.
Após a primeira metade da etapa inicial, as águias foram assumindo gradualmente o controlo do jogo. Embora os encarnados não estivessem a semear o pânico no último terço, o Bayer Leverkusen dava sinais de fragilidade sempre que perdia a bola, com os seus jogadores quase sempre lentos a recuperarem as suas posições, uma característica típica de uma equipa mais habituada a jogar no contra-ataque. Em muitos casos, o posicionamento dos defesas-centrais, em particular, deixou muito a desejar.
- Segunda parte
A segunda parte não trouxe alterações significativas, com excepção da estranha decisão da dupla técnica do Bayer Leverusken de colocar Sidney Sam no lugar de Schürrle. A equipa mostrou-se imediatamente menos perigosa - na verdade, Sam não chegou a deixar a sua marca no encontro -, indo de encontro às pretensões benfiquistas. A partida não dava ares de evoluir positivamente, particularmente porque Enzo Pérez entrou para o lugar do lesionado André Gomes e Gaitán terá recebido instruções de Jorge Jesus no sentido de colaborar defensivamente.
O Benfica denotou algumas dificuldades em situações de bola parada e esteve inclusivamente perto de sofrer aos 60 minutos, mas a jogada confusa acabou por originar nada mais do que um canto a favor do Bayer Leverkusen, equipa que insistia em abordar as bolas paradas ofensivas com muitos jogadores. Após o duelo pelo ar, as águias partiram rapidamente para o contra-ataque e Cardozo teve todo o tempo (e competência) para simular um primeiro remate e, em seguida, colocar calmamente a bola por cima do ombro do guarda-redes contrário.
O golo pareceu despertar o onze alemão, o qual passou a correr mais riscos no ataque, recuperando a fluidez da primeira metade. O Benfica tentou abrandar o ritmo do jogo, mas permanecia vulnerável aqui e ali às combinações pelo centro. O encontro terminaria com um corte in extremis junto à linha de golo do Benfica, um momento crucial para uma abordagem mais relaxada dentro de uma semana.
O Bayer Leverkusen dá por si numa posição confrangedora. Um empate sem golos colocá-los-ia numa posição favorável, mas será agora forçado a expor-se a um tipo de jogo que em nada favorece as suas características. Para além disso, o Benfica é sempre mais forte a jogar no seu terreno, sendo difícil imaginar os vice-campeões nacionais a desperdiçarem a oportunidade de se apurarem para a próxima eliminatória.
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