Sunday, May 6, 2012

Chelsea conquista a FA Cup


Equipas e movimentações iniciais

Após uma longa pausa forçada, A Bola do Vasco está de volta - e com nada mais, nada menos do que uma análise sobre o encontro entre Chelsea e Liverpool. No passado sábado, as duas equipas defrontaram-se no primeiro dos dois jogos no espaço de quatro dias. Desta feita, o Chelsea levou a melhor sobre o Liverpool, mas à justa.


Os homens de Roberto Di Matteo iniciaram a partida plenos de confiança, como resultado directo das suas últimas proezas. Com o onze preferido de Di Matteo para as batalhas mais difíceis, o Chelsea apresentou-se coeso, intenso (tanto ofensiva como defensivamente) e com vocação atacante. Por outro lado, a equipa treinada por Kenny Dalglish entrou claramente na expectativa e optou por uma postura menos ousada.


Com Gerrard e Mata com instruções para se juntarem ao seu meio-campo, o centro do terreno estava algo congestionado, como seria de esperar. No entanto, o golo do Chelsea ao fim de dez minutos agitou o evento e serviu como evidência das intenções ofensivas dos Blues. A jogada que deu origem ao golo foi igualmente útil para avaliar a importância da cobertura ofensiva e defensiva, assim como a abordagem de Luís Enrique no duelo com Ramires.


Nunca é de mais realçar a importância da cobertura ofensiva e defensiva.
Spearing (azul) acaba de errar um passe.
Henderson está mais adiantado e Gerrard não é sequer visível.
Percebendo o perigo para a sua equipa, Gerrard (vermelho) recua em sprint,
enquanto Henderson volta devagar.
Mata tem todo o tempo para escolher o passe.
Adicionalmente, Luís Enrique toma a decisão errada de tentar o desarme,
em vez de retardar Ramires e esperar por reforços, permitindo que Ramires passasse.


Na verdade, o meio-campo do Liverpool foi um dos principais problemas. Com Gerrard junto a Suárez e Henderson demasiado adiantado, Spearing foi presa fácil para Mata, o qual estava ao seu melhor nível nas costas do meio-campo do seu adversário e desposicionava Spearing com enorme facilidade. Com o Chelsea fiel ao seu agora habitual 4x4x1x1, as transições ofensivas tinham como alvo Drogba, que demonstrava enorme facilidade em combinar com o génio espanhol para que este assistisse os seus colegas.


Ao contrário de outros jogos, Lampard jogou mais avançado do que Mikel e teve autorização para aparecer perto da grande área adversária, agravando ainda mais a situação dos Reds. Por seu turno, o Liverpool mostrava-se extremamente lento em posse e denotava a ausência de uma centelha criativa. Com efeito, Gerrard recuou inúmeras vezes para pegar no jogo, deixando Suárez ainda mais desacompanhado na frente. Dada a inofensiva ameaça do seu oponente, Ivanovic não tinha qualquer problema em ir ao encontro do avançado uruguaio, impedindo que o Liverpool emprestasse qualidade à sua posse de bola.


Note-se a protecção deficiente da linha defensiva do Liverpool ao longo de todo o encontro.


Dalglish tinha de mudar algo para a segunda parte e optou por um 4x4x2 mais tradicional, com Henderson como médio-direito, Gerrard ao lado de Spearing e Bellamy atrás de Suárez. De forma algo previsível, o meio-campo do Liverpool foi contornado com enorme facilidade, especialmente para o segundo tento do Chelsea, apontado por Drogba.


Com uma simples finta, Lampard liberta-se e tem todo o espaço para assistir Drogba.
O encontro parecia praticamente decidido, mas, três minutos mais tarde, Dalglish substituiu Spearing por Carroll. Henderson regressou ao seu posto mais natural no centro do meio-campo, Bellamy voltou à ala direita e Suárez deslocou-se para trás de Carroll. Como se viria a verificar, Carroll foi uma presença absolutamente fulcral para devolver o Liverpool ao jogo. O corpulento avançado não só tirou o máximo proveito de um erro defensivo do Chelsea para o primeiro golo, como também ofereceu um foco para o ataque da sua equipa, em particular porque tanto Terry como Ivanovic denotavam imensas dificuldades em lidar com o físico e a abordagem do ex-jogador do Newcastle.


Após reentrar na partida, o Liverpool continuou a pressionar os Blues, cujo treinador demorou a aperceber-se do cansaço óbvio da sua equipa. Foi então que Carroll demonstrou toda a sua valia, não oferecendo qualquer período de recuperação à linha defensiva do Chelsea, dando-lhe a provar um pouco do seu veneno - na verdade, Carroll foi extremamente infeliz ao não ver validado aquele que seria o seu segundo golo, já perto do fim do encontro.


Em última análise, ganhou a melhor equipa. O Liverpool raramente foi agressivo, teve inúmeros problemas em sair a jogar, foi lento na circulação de bola e não foi propriamente ambicioso. Ao invés, o Chelsea teve sempre a intenção de controlar o jogo e o respectivo ritmo e, se não fosse o golo algo fortuito de Carroll, teria provavelmente ganho a partida com facilidade.

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