Wednesday, March 7, 2012

Uma estrada de sentido único


O encontro de ontem entre Benfica e Zenit de São Petersburgo assemelhou-se a um déjà vu. Tal como tinha acontecido na partida frente ao FC Porto na fase de grupos, a equipa russa cedeu por completo a iniciativa ao seu adversário, originando uma estrada de sentido único. Mesmo quando se viram a perder e foram forçados a alargar a frente de ataque, os russos não foram capazes de fazer mais de um remate à baliza. Como tal, a análise desta partida abordará algumas questões sobre o Benfica - a única que quis efectivamente jogar futebol - e um pouco sobre o Zenit. Seguem-se cinco pontos sobre o jogo de ontem.

  1. Ao contrário do jogo contra o FC Porto da passada sexta-feira, Jorge Jesus permitiu que Witsel jogasse mais adiantado. Embora isso tenha deixado Javi García em inferioridade numérica na batalha do meio-campo, permitiu que as águias pressionassem em zonas mais adiantadas ao defender e que criassem desequilíbrios nas alas ao atacar. Não foi por acaso que o Benfica passou toda a primeira parte a massacrar o lado esquerdo do Zenit.
  2. Maxi Pereira merece maior reconhecimento. Maxi não o merece pelo golo decisivo que marcou ontem. O uruguaio é capaz de percorrer todo o seu flanco durante o jogo, fazer a sobreposição ao seu extremo, rematar à baliza e, acima de tudo, estar no sítio certo para interceptar uma bola alguns segundos depois. Maxi é definitivamente o motor deste Benfica.
  3. Nélson Oliveira é claramente jogador para este Benfica. Ao tomar notas sobre o jogo durante a primeira parte, dei por mim a rabiscar algo do género "Porque não Nélson Oliveira no lugar do Rodrigo?". Não é minha intenção arrogar-me em profundo conhecedor de tudo o que é futebol, mas o avançado português mostrou no último Campeonato do Mundo de sub-20 que é capaz de batalhar sozinho contra uma defesa inteira, se necessário for. Embora seja tecnicamente menos evoluído do que Rodrigo, é muito mais combativo e intenso, características de que o Benfica necessitava ontem, especialmente quando as atenções estavam concentradas em Cardozo.
  4. Jorge Jesus parece ter finalmente compreendido a necessidade de fechar o jogo, por vezes. Após marcar o primeiro golo, a equipa não pareceu ansiosa por marcar o segundo, o terceiro e o quarto, abrindo com isso brechas nas suas costas. Aliás, os encarnados terão porventura recuado em demasia, mas controlar o jogo é essencial, particularmente na Liga dos Campeões. A entrada de Matic para o lugar de Gaitán foi a prova de que o treinador português é capaz de aprender com os seus erros.
  5. Apesar dos inúmeros jogadores russos na sua equipa, o Zenit é claramente uma equipa italiana. Luciano Spalletti logrou implementar os típicos valores transalpinos na sua equipa, levando-nos de volta aos anos '90, o apogeu do catenaccio. O único problema dessa abordagem reside no facto de, depois de nos vermos a correr atrás da eliminatória, termos em mãos uma equipa planeada e escalada para um empate. Tal como muitos treinadores descobrem mais cedo do que tarde, mudar o chip de uma equipa durante um jogo é uma das tarefas mais difíceis de uma carreira.

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