Equipas iniciais |
Havia um enorme burburinho à volta deste encontro, com o Tottenham de de André Villas-Boas a defrontar o seu antigo clube. Iria o treinador português instigar a sua equipa a entrar no jogo em força desde o apito inicial ou iriam os Lilywhites adoptar uma postura mais cautelosa?
Enquanto o Chelsea se debatia com as ausências de John Terry (suspenso) e Frank Lampard (no banco), ao Tottenham faltavam igualmente dois jogadores chave: Moussa Dembélé e Gareth Bale, criando uma parceria entre Tom Huddlestone e Sandro no meio-campo, com Dempsey no flanco esquerdo. Infelizmente para o Tottenham, essas ausências revelaram-se mais importantes do que as do Chelsea ao longo de todo o jogo.
Sem nenhuma das equipas interessada em pressionar à frente, a equipa de Roberto Di Matteo mostrava-se claramente mais confiante e mais segura no momento da posse de bola. Sem o contributo defensivo de Bale e Dempsey pouco disposto a recuar rapidamente, o Chelsea insistiu pelo flanco direito, criando constantemente situações de superioridade numérica.
O Tottenham patenteava enormes dificuldades em sair a jogar. Com Gallas e Caulker no centro da defesa - nenhum dos dois particularmente à vontade a distribuir jogo -, um jogador como Dembélé é essencial, uma vez que pode manter a posse de bola e passar por adversários antes de abrir o jogo. Para além do mais, trata-se de uma equipa que gira em torno da velocidade pura de Bale para a saída de bola, uma directriz que foi anulada devido às diferentes característica de Dempsey. A simples mudança do norte-americano para a ala causou não só uma ineficiência no flanco esquerdo, mas removeu igualmente a incisividade de Desmpey no centro, onde é exímio a aproveitar segundas bolas do seu ponta-de-lança, ao contrário de Sigurdsson. Por seu turno, o médio islandês jogava demasiado à frente para ajudar defensivamente, mas não criava situações de perigo durante os momentos ofensivos - como é frequentemente intenção do treinador ao colocar um jogador deste tipo em posições tão adiantadas. AVB acabaria por perceber isso mesmo e Sigurdsson e Dempsey acabariam por trocar de posição a meio da primeira parte.
O contraste nítido do contributo de Dempsey entre a primeira e a segunda metade da 1ª parte. |
Para uma equipa com rotinas tão inculcadas no lado esquerdo, Aaron Lennon tinha de compensar essa ausência, algo que não fez até ao minuto 25, espalhando imediatamente o pânico na defesa do Chelsea. Na verdade, Lennon viria a criar a melhor oportunidade do Tottenham com Sigurdsson como destino dez minutos mais tarde. O Chelsea chegava ao intervalo a vencer e com toda a justiça.
A segunda metade foi totalmente distinta. O Tottenham libertou-se do medo de atacar e obrigar o duo de médios do Chelsea a trabalhar, algo que deu frutos de forma quase imediata, através do golo de Gallas aos 46 minutos. Alguns minutos depois, a equipa visitada marcaria o segundo tento quando Defoe desviou o remate enrolado de Lennon. Embora os primeiros 15 minutos do Tottenham se tenham ficado a dever em parte à maior intensidade e dinâmica, é importante destacar o contributo de Lennon, uma vez que era o único jogador da equipa da casa (com a excepção do fiável e impressionante Jermaine Defoe) capaz de ultrapassar adversários em situações de 1x1, levando ao seu desposicionamento.
A diferença entre a primeira e a segunda parte é nítida, com toda a equipa do Tottenham mais ampla e avançada. |
O encontro parecia então nas mãos do Tottenham. O Chelsea parecia perdido e incapaz de inverter a situação. Embora o papel de Mata e Hazard na remontada final tenha sido absolutamente fundamental, houve dois factores que actuaram contra o Tottenham: a menor capacidade de Gallas e a ténue protecção do meio-campo à sua linha mais recuada.
Os diferentes contributos defensivos de Sandro e Huddlestone |
A ausência de Bale foi obviamente importante, mas a de Dembélé poderá ter sido ainda mais importante. Para além da sua capacidade de oferecer constantemente uma saída de bola, o seu desempenho defensivo é igualmente relevante. O gráfico apresentado mais acima apresenta as distintas participações defensivas de Sandro e Huddlestone, uma diferença que se tornou mais nítida à medida que o encontro se desenrolava. na verdade, a fadiga de Huddlestone foi causa directa do segundo golo do Chelsea e a sua substituição pecou por tardia.
No que diz respeito a Gallas, AVB deverá por certo ansiar pelo regresso de Kaboul ou Assou-Ekotto. Apesar do seu impressionante e vitorioso palmarés, as limitações do defesa-central francês ficaram uma vez mais à vista. Infelizmente para Gallas, o francês já não é o mesmo jogador sólido e fiável que foi em tempo e a partida de Sábado apenas expôs ainda mais as suas fragilidades. Não só o seu posicionamento se tem revelado questionável - originando alívios mal direccionados -, mas a sua leitura de jogo também parece estar a ressentir-se, como ficou provado no terceiro golo do Chelsea.
Esta foi uma partida que o Tottenham poderia e deveria ter vencido após recuperar da desvantagem inicial, não fora por alguns pecadilhos críticos no meio-campo e na defesa. Dembélé e Bale regressarão em breve, tal como Parker, Kaboul e Assou-Ekotto, o que apenas tornará a equipa mais forte. Não obstante a derrota, André Villas-Boas poderá encontrar consolo ao ver que a sua equipa está a evoluir e a caminho de se tornar suficientemente poderosa para se bater com os seus adversários olhos nos olhos.
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