Monday, October 22, 2012

Tão perto, mas tão longe

Equipas iniciais

Havia um enorme burburinho à volta deste encontro, com o Tottenham de de André Villas-Boas a defrontar o seu antigo clube. Iria o treinador português instigar a sua equipa a entrar no jogo em força desde o apito inicial ou iriam os Lilywhites adoptar uma postura mais cautelosa?

Enquanto o Chelsea se debatia com as ausências de John Terry (suspenso) e Frank Lampard (no banco), ao Tottenham faltavam igualmente dois jogadores chave: Moussa Dembélé e Gareth Bale, criando uma parceria entre Tom Huddlestone e Sandro no meio-campo, com Dempsey no flanco esquerdo. Infelizmente para o Tottenham, essas ausências revelaram-se mais importantes do que as do Chelsea ao longo de todo o jogo.

Sem nenhuma das equipas interessada em pressionar à frente, a equipa de Roberto Di Matteo mostrava-se claramente mais confiante e mais segura no momento da posse de bola. Sem o contributo defensivo de Bale e Dempsey pouco disposto a recuar rapidamente, o Chelsea insistiu pelo flanco direito, criando constantemente situações de superioridade numérica.

O Tottenham patenteava enormes dificuldades em sair a jogar. Com Gallas e Caulker no centro da defesa - nenhum dos dois particularmente à vontade a distribuir jogo -, um jogador como Dembélé é essencial, uma vez que pode manter a posse de bola e passar por adversários antes de abrir o jogo. Para além do mais, trata-se de uma equipa que gira em torno da velocidade pura de Bale para a saída de bola, uma directriz que foi anulada devido às diferentes característica de Dempsey. A simples mudança do norte-americano para a ala causou não só uma ineficiência no flanco esquerdo, mas removeu igualmente a incisividade de Desmpey no centro, onde é exímio a aproveitar segundas bolas do seu ponta-de-lança, ao contrário de Sigurdsson. Por seu turno, o médio islandês jogava demasiado à frente para ajudar defensivamente, mas não criava situações de perigo durante os momentos ofensivos - como é frequentemente intenção do treinador ao colocar um jogador deste tipo em posições tão adiantadas. AVB acabaria por perceber isso mesmo e Sigurdsson e Dempsey acabariam por trocar de posição a meio da primeira parte.

O contraste nítido do contributo de Dempsey
entre a primeira e a segunda metade da 1ª parte.

Para uma equipa com rotinas tão inculcadas no lado esquerdo, Aaron Lennon tinha de compensar essa ausência, algo que não fez até ao minuto 25, espalhando imediatamente o pânico na defesa do Chelsea. Na verdade, Lennon viria a criar a melhor oportunidade do Tottenham com Sigurdsson como destino dez minutos mais tarde. O Chelsea chegava ao intervalo a vencer e com toda a justiça.

A segunda metade foi totalmente distinta. O Tottenham libertou-se do medo de atacar e obrigar o duo de médios do Chelsea a trabalhar, algo que deu frutos de forma quase imediata, através do golo de Gallas aos 46 minutos. Alguns minutos depois, a equipa visitada marcaria o segundo tento quando Defoe desviou o remate enrolado de Lennon. Embora os primeiros 15 minutos do Tottenham se tenham ficado a dever em parte à maior intensidade e dinâmica, é importante destacar o contributo de Lennon, uma vez que era o único jogador da equipa da casa (com a excepção do fiável e impressionante Jermaine Defoe) capaz de ultrapassar adversários em situações de 1x1, levando ao seu desposicionamento.

A diferença entre a primeira e a segunda parte é nítida,
com toda a equipa do Tottenham mais ampla e avançada.

O encontro parecia então nas mãos do Tottenham. O Chelsea parecia perdido e incapaz de inverter a situação. Embora o papel de Mata e Hazard na remontada final tenha sido absolutamente fundamental, houve dois factores que actuaram contra o Tottenham: a menor capacidade de Gallas e a ténue protecção do meio-campo à sua linha mais recuada.

Os diferentes contributos defensivos de Sandro e Huddlestone

A ausência de Bale foi obviamente importante, mas a de Dembélé poderá ter sido ainda mais importante. Para além da sua capacidade de oferecer constantemente uma saída de bola, o seu desempenho defensivo é igualmente relevante. O gráfico apresentado mais acima apresenta as distintas participações defensivas de Sandro e Huddlestone, uma diferença que se tornou mais nítida à medida que o encontro se desenrolava. na verdade, a fadiga de Huddlestone foi causa directa do segundo golo do Chelsea e a sua substituição pecou por tardia.

No que diz respeito a Gallas, AVB deverá por certo ansiar pelo regresso de Kaboul ou Assou-Ekotto. Apesar do seu impressionante e vitorioso palmarés, as limitações do defesa-central francês ficaram uma vez mais à vista. Infelizmente para Gallas, o francês já não é o mesmo jogador sólido e fiável que foi em tempo e a partida de Sábado apenas expôs ainda mais as suas fragilidades. Não só o seu posicionamento se tem revelado questionável - originando alívios mal direccionados -, mas a sua leitura de jogo também parece estar a ressentir-se, como ficou provado no terceiro golo do Chelsea.

Esta foi uma partida que o Tottenham poderia e deveria ter vencido após recuperar da desvantagem inicial, não fora por alguns pecadilhos críticos no meio-campo e na defesa. Dembélé e Bale regressarão em breve, tal como Parker, Kaboul e Assou-Ekotto, o que apenas tornará a equipa mais forte. Não obstante a derrota, André Villas-Boas poderá encontrar consolo ao ver que a sua equipa está a evoluir e a caminho de se tornar suficientemente poderosa para se bater com os seus adversários olhos nos olhos.

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