Thursday, March 22, 2012

Uma falsa esperança para os treinadores interinos de todo o mundo


Equipas e movimentações iniciais
Roberto Di Matteo esteve a poucos minutos de constituir o exemplo perfeito para todos os presidentes de clubes ansiosos por despedir o seu treinador no culminar de uma série de maus resultados. Se o Chelsea tivesse vencido o Manchester City ontem à noite, teriam conquistado a 5ª vitória em 5 jogos ao comando de Di Matteo. Ao invés, os londrinos foram chamados à realidade e deverão começar a pensar na próxima edição da Liga Europa.

O Manchester City entrou muito forte na partida, particularmente nos primeiros dez minutos. Com Cahill no lugar do lesionado John Terry, o Chelsea é menos intenso e mais vulnerável a diagonais curtas entre Cahill e o lateral do seu lado. Por seu turno, esta opção permitiu a David Luiz ocupar o lugar de defesa-central do lado esquerdo, uma posição a que está mais habituado e em que é mais eficaz.

O plano de jogo do Chelsea era óbvio, aparentemente inspirado na exibição do Sporting no confronto com o City a contar para a Liga Europa: actuar num bloco baixo com duas linhas de quatro e aproveitar a redescoberta alegria e velocidade de Torres, com Meireles como ligação entre sectores. Na verdade, o espanhol fez um excelente trabalho a aproveitar os espaços concedidos pelo onze de Manchester, mas o ex-portista demonstrou não estar à altura desta posição, uma vez que a sua tomada de decisão nem sempre é a melhor e o seu forte não é jogar de costas para a baliza.

Chelsea numa disposição estranhamente semelhante à do Sporting
O City foi claramente a equipa mais dominadora, mas o seu domínio era estrategicamente concedido pelo Chelsea. Excepção feita ao remate de Samir Nasri à barra, os Citizens não conseguiam mais do que remates de longe, incapazes de penetrar na grande área. Como tem acontecido frequentemente, Balotelli e Agüero mostraram a sua tendência para alternar entre o 8 e o 80 (bons momentos de elevada dificuldade técnica, mas impressionantemente inconsistentes) e que não têm predisposição para trabalhar em função da equipa e abrir espaços para os seus colegas. Com adversários cada vez menos interessados em discutir o jogo olhos nos olhos, os homens de Mancini denotam grandes dificuldades em encontrar espaços livres.

Embora Meireles não estivesse a oferecer um contributo particularmente positivo em termos ofensivos, estava a desempenhar um papel importante na marcação (quase) individual a Yaya Touré. Com o costa-marfinense junto a De Jong, a tarefa de Meireles passava claramente por quebrar o ritmo de jogo do City. Silva continuava ausente e Touré estava demasiado preso a tarefas defensivas. A fúria patente na reacção de Mancini na linha lateral demonstrava à evidência que o City não conseguiria nada do encontro se continuasse a jogar dessa forma.

Na segunda parte, Mancini fez entrar Gareth Barry para o lugar de Balotelli, dando razão ao argumento de que, por vezes, a presença de menos atacantes permite atacar melhor. Com o centro do terreno devidamente ocupado, Yaya Touré podia finalmente libertar-se e invadir a zona de conforto do Chelsea - permitindo igualmente a Silva e Nasri jogarem mais adiantados. Por seu turno, Meireles tinha dúvidas sobre se deveria continuar a marcar Yaya Touré ou ficar junto de Barry.

Os primeiros dois golos foram em parte obra do acaso. O tento do Chelsea teve origem num desvio na perna de Yaya Touré e a grande penalidade a favor do City resultou de um remate em desespero que atingiu o braço de Essien. Se ignorarmos o já mencionado remate de Nasri à barra, não houve oportunidades claras de golo para nenhuma das equipas e a vitória do City, ainda que merecida, esteve perto de não se materializar. Em última análise, a abordagem algo tresloucada de Mancini - com Tévez, Dzeko e Agüero em simultâneo - acabou por ser demasiado agressiva para o Chelsea. Ainda assim, a equipa de Di Matteo está agora mais calma e mais bem organizada e até Cech parece estar de volta aos seus melhores dias, com muito menor tendência para erros e distracções.

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