Antes da Lei Bosman, em 1995, era quase impossível aos jogadores de futebol decidir sobre o seu futuro, pois o clube que representavam tinha sempre a última palavra. Com a alteração desse estatuto, os jogadores passaram a ter o poder de escolher o clube que queriam representar e durante quanto tempo queriam representá-lo. Há uma panóplia de estudos que, com base em evidências sólidas, apontam a correlação entre o disparar dos ordenados dos jogadores e esta legislação.
Hoje em dia, vemos o absoluto oposto: jogadores que forçam a saída dos clubes ameaçando os mesmos que, se não quiserem vendê-los quando e para onde querem, abandonam a entidade patronal sem que esta tenha direito a qualquer compensação. Abordo esta questão a propósito do interesse do Real Madrid em Ruud van Nistelrooy (ex-jogador dos merengues).
O jogador holandês foi transferido para o Hamburgo há duas épocas, pois encontrava-se já na fase descendente da sua carreira e não encontrava o espaço que julgava merecedor para a sua valia. Como tal, rumou à Alemanhã, em tudo à imagem do que aconteceu com o antigo capitão da mesma equipa, Raúl. Subitamente, o Real, com todos os problemas que vem enfrentando devido à escassez de opções na posição 9, manifesta o seu interesse em Nistelrooy, que força a saída, mostrando-se disposto a pagar do seu próprio bolso para jogar novamente no Santiago Bernabéu.
O Hamburgo, clube que desembolsou largos milhões de euros pela transferência e salário do jogador, negou a pretensão do jogador, demonstrando o evidente: o momento da época é crítico, o clube fez um forte investimento no jogador, definiu um determinado número de anos para a duração do contrato e, como tal, não está minimamente interessado em sair prejudicado de toda esta confusão.
Pois bem, pudemos ler há pouco as palavras do empresário do holandês, que veio a terreiro manifestar o descontentamento do jogador: "Ele não consegue entendê-lo, e é um problema. É muito, muito doloroso para ele. É triste porque o Hamburgo não sabe o que fez a Ruud com esta decisão."
Em suma, hoje em dia, qualquer futebolista crê poder assustar e "aterrorizar" o seu clube, não dando qualquer prova de interesse em cumprir o contrato que assinou, com todas as possibilidades de escolha e decisão. Mais do que o amor à camisola, perdeu-se o respeito pela palavra e pelo acordo.
1 comment:
Amigo Vasco, noto no teu post uma certa revolta principalmente pela, como referes, falta de palavra e cumprimento de acordos. Eu assino por baixo mas a realidade é esta: Não existe clube nenhum no mundo, não existe empresa nenhuma no mundo que queira ter dentro de portas um atleta/colaborador descontente e que não goste de trabalhar lá. Compreendo que o Hamburgo necessite da prestação do jogador para conseguir os seus objectivos, mas agora ele psicologicamente vai estar muito fragilizado. Os contratos são para cumprir, mas devem sempre ter uma clausula de rescisão. Quer ir embora vai, o clube tem de receber o dinheiro que pagou por ele mais uma penalidade por incumprimento do contrato. Esta penalidade é alta? Paciência, foi o acordado por ambas as partes.
Acabo a minha intervenção lembrando que os clubes neste momento são empresas, ora se as empresas têm como objectivo dar lucro os jogadores só têm é de "jogar" o jogo como ele é...
Post a Comment