Thursday, August 13, 2009

Um sprint a três?



"Mais uma voltinha, mais uma viagem." Este não é o lema do campeonato nacional, mas bem que podia ser. Com efeito, a principal competição futebolística de clubes tem início já amanhã, perfilando-se como favoritos os três candidatros tradicionais - desta feita, com um equilíbrio de forças aparentemente diferente.

Na verdade, o Benfica reforçou-se muito e supostamente bem. O presidente encarnado tentou mais uma vez resolver a falta de títulos atirando dinheiro para cima do problema. Não está em causa o valor dos jogadores benfiquistas, bem pelo contrário, mas sim saber até que ponto este projecto representa algo mais a médio prazo ou apenas e só, como tem sido apanágio, a tentativa deste ano.

Creio que Jesus poderá obter resultados incomparavelmente melhores do que Quique Flores, por vários motivos. Antes de mais, o treinador português conhece o futebol nacional como Quique não conhecia. Além do mais, a equipa encarnada chega a esta fase da época com uma ideia clara sobre o que tem de fazer nos diversos momentos de jogo (independentemente de os fazer bem ou mal), coisa que nem na última jornada o Benfica de Quique conseguiu. No lado inverso, o lado irascível de Jesus e os seus dotes de comunicação poderão criar-lhe alguns anticorpos, tanto dentro como fora do Estádio da Luz. Como principal defeito deste Benfica - até ver -, o mesmo de que padecia o Sporting de Braga na época passada: uma certa falta de flexibilidade táctica, particularmente quando os adversários sabem defender atrás, expondo em demasia a falta de velocidade dos centrais benfiquistas.

No que diz respeito ao Sporting, a versão deste ano parece-me ligeiramente mais fraca. A falta de dinheiro não permitiu o investimento "devido" (nas palavras do próprio presidente leonino) na equipa, subsistindo ainda todas as dúvidas sobre Miguel Veloso, Vukcevic, Postiga, entre outros. Na minha opinião, creio que o valor e a ausência de Derlei não foram devidamente avaliadas. O seu papel no balneário e a sua presença física e anímica faziam deste Sporting uma equipa muito mais aguerrida. Neste momento, os próprios adeptos não parecem crer efectivamente que o clube vá lutar pelo título, especialmente tendo em conta as contratações dos eternos rivais da Segunda Circular.

Quanto ao FC Porto, permanece quanto a mim uma incógnita. Jesualdo Ferreira terá vincados os seus créditos de forma definitiva no ano transacto, ao conseguir reconstruir com sucesso uma equipa repleta de jogadores novos (no bilhete de identidade e/ou no clube). Saber até que ponto conseguirá fazê-lo sem dois dos principais intervenientes dos últimos quatro anos - Lucho e Lisandro - é uma das grandes questões deste campeonato. Hulk deverá explodir em definitivo, mas Belluschi não é Lucho (para o melhor e para o pior) e não há nenhum avançado como Lisandro, o que implicará uma alteração significativa do processo de jogo portista.

Classificação final: FC Porto, Benfica, Sporting. Pessoalmente, não sei se o Benfica tem ainda a estaleca necessária para suportar as vicissitudes do campeonato e até que ponto Jesus se dará bem com todos os holofotes virados para ele. O Sporting deste ano parece-me demasiado fragilizado animicamente, embora tenha condições para se intrometer nas contas do título, naturalmente.

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