Thursday, April 2, 2009
O estado da nação
Por vias da minha actividade profissional, dei por mim na semana passada a visitar algumas fábricas de uma região portuguesa aparentemente em crise. Confesso que, ao início, a minha apreensão era grande - receava que o choque de realidades fosse demasiado abrupto. No entanto, a única coisa que posso fazer é tecer os mais rasgados elogios aos gerentes e administradores das empresas - que parecem continuar a conseguir fazer milagres, descobrindo constantemente nichos de mercado - e, acima de tudo, aos funcionários dessas empresas, por continuarem a dar o litro, por preferirem trabalhar a viver à custa dos muitos subsídios que por aí há, por não virarem a cara aos momentos difíceis.
Mas o que tem isto a ver com futebol? Na minha opinião, tudo. Foi revigorante ver empresas com mais de 800 funcionários a operarem na perfeição, com todo o respeito pelos direitos dos trabalhadores. Foi estranhamente inesperado entrevistar colaboradores das mais variadas empresas e constatar que o respeito que a administração possa ter ou não por essas pessoas continua a ser tão ou mais importante do que o salário ao final do mês (embora todos nós gostássemos de ganhar mais dinheiro, naturalmente). Mas, acima de tudo - no que diz respeito a este blogue, pelo menos -, foi um óptimo alimento para a alma verificar que é possível ter as contas controladas, saber onde param os activos, quanto se pode gastar no período fiscal seguinte ou onde estão os possíveis nichos de mercado do futuro.
A única coisa que me vinha à mente era sempre idêntica: porque é que é tão difícil fazer isto no futebol? Por que razão continuamos a fazer vista grossa a tantas evidências de que algo está mal? Quantas mais greves como as do Estrela da Amadora ou do Vitória de Setúbal teremos de ver até nos capacitarmos que temos mesmo de inverter a situação?
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