Tive oportunidade de assistir este fim-de-semana a um curioso programa de televisão num canal que, em boa verdade, nem sei bem qual era nem qual o seu propósito. Interessa para aqui, isso sim, que pude presenciar durante uns quinze a vinte minutos o dia-a-dia da gestão de um clube da elite europeia - o Ajax. Estranhamente, tanto treinadores como dirigentes não pareciam importar-se minimamente de serem perseguidos por câmaras e microfones enquanto tomavam as decisões do seu dia-a-dia.
Muito mais estranho, contudo, era o modo como se tomavam decisões naquele clube na época de 1997-2000. As decisões de prolongar contratos ou não eram tomadas numa breve reunião onde se discutiam inúmeras outras coisas, as combinações de resultados que permitiram que o Ajax entrasse ou não na Liga dos Campeões eram discutidas no túnel de acesso do campo onde se iria realizar o último jogo, as palavras e acções de treinadores e jogadores da equipa principal pareciam retiradas de um filme surreal onde ninguém sabia muito bem o que estava ali a fazer, entre muitas outras pérolas que permitiram confirmar que o mundo do futebol continua extremamente desorganizado e uma tertúlia muito pouco profissionalizada de círculos fechados.
Deixo-vos apenas como exemplo a imagem (ainda que mental) de um Jan Wouters - à altura treinador da equipa, sem qualquer ideia sobre o que fazer nem qualquer tipo de controlo sobre a sua equipa - como treinador de uma das principais equipas da Europa, com uma carreira com menos de três curtos anos sem qualquer feito digno de registo, a ser despedido em pleno jogo de centenário do clube, ao passo que os dirigentes apenas pareciam saber querer despedi-lo, mas sem noção de quem viria a seguir ou com que perfil.
Para aqueles de nós que acham que tudo o que se faz de mal tende a concentrar-se em Portugal, seria bom deitar uma vista de olhos.
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