Desde a época de 2004/05 (a de del Neri, Fernandez e Couceiro, de má memória para os portistas) que o FC Porto não tinha tão poucos pontos para o campeonato. Estranhamente, tal não se deveu às deslocações que teve de fazer aos terrenos de Sporting e Benfica, onde por sinal até conseguiu empatar uma partida e vencer a outra. Pelo contrário, o resultado inclui um empate no terreno do Rio Ave e uma derrota em casa contra o Leixões. Pelo meio, vitória em Alvalade, empate na Luz, derrota estrondosa em Londres e em casa contra o Dínamo de Kiev. Em todos estes jogos, o FC Porto foi capaz de conciliar o melhor (a exibição na Luz foi muito bem conseguida, por exemplo) com o pior (a exibição de Londres é muito má e os sinais deixados nalguns outros campos não apontam para o melhor sentido).
É difícil, a tarefa de Jesualdo? Sem dúvida. Conseguir fazer uma equipa este ano terá sido das tarefas mais árduas da carreira do treinador portista. Ficar sem Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma no mesmo ano não é propriamente "pera doce", particularmente quando os substitutos são jogadores senão com menos valor, com um estatuto incomparavelmente menor.
Sapunaru está a atravessar um momento difícil, hesitando a atacar (logo, não dando profundidade a um sector já de si muito manco) e complicando a defender. A meio, quando se pensava que o substituto estava encontrado, e já depois de alguns elogios da praça pública e consequente renovação de contrato, eis que Fernando perde a titularidade. Paulo Assunção faz falta para dar ordem à equipa, algo que ninguém tem conseguido fazer melhor do que Fernando, para já. Na frente, alguns equívocos. Rodríguez virá ainda a dar frutos. É um jogador jovem, inteligente, mas a quem ainda falta alguma liberdade de movimentos e compreensão dos 4x3x3. Não obstante, tem sido por aí que o FC Porto tem canalizado o seu jogo, especialmente porque no lado direito não mora ninguém. Se, nos jogos grandes, Tomás Costa (uma excelente contratação) consegue fazer o lugar de extremo-direito para ajudar Sapunaru nas tarefas defensivas, nos jogos em que a iniciativa ofensiva pertence aos dragões, não há alternativas credíveis para o lado direito, um fenómeno tanto mais estranho quando essa foi a posição em que o FC Porto mais "despachou" jogadores.
Compreende-se mal que Farías nunca seja opção para Jesualdo, mas que Adriano, por exemplo, um jogador que já se relevou muito útil, não esteja sequer inscrito. Compreende-se mal que Tarik faça quase um jogo inteiro e desapareça da lista de convocados no seguinte. Compreende-se mal que se contrate Benítez, se mantenha Lino e se venda Cech, um jogador muito mais evoluído e inteligente. Por último, compreende-se mal que Hulk, ainda que dotado de uma força física notável, entre de supetão na equipa, quando é tão óbvio que está ainda muito longe de estar preparado, mental e tacticamente, para jogar no futebol europeu. Isto não significa que não possa vir a ser um bom jogador, num futuro próximo, mas, neste momento, contribui muito mais para a desorganização da equipa (ofensiva e defensiva) do que para bons resultados. Provas? Pense-se nos dois últimos jogos que o FC Porto efectuou, nos respectivos resultados e manobras ofensivas. Pessoalmente, vem-me um exemplo claro à memória. A partir do momento em que Jesualdo Ferreira tirou Rodríguez, não mais o FC Porto conseguiu criar espaços no lado esquerdo, lado pelo qual surgiram os dois últimos golos do Leixões (um dos quais mal anulado). Coincidência, porventura...?
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