Ao fim de 6 jornadas, eis-nos com uma classificação no mínimo estranha, com Leixões e Nacional a liderarem o campeonato nacional, especialmente tendo em conta que os de Matosinhos já empataram com o Benfica e foram vencer ao Dragão. Gostaria muito de poder dizer que isto seria o aumento de qualidade de que todos estávamos à procura (especialmente desde a tão badalada redução do número de equipas para 16 e os supostos resultados miraculosos) - o propalado "nivelamento por cima". Infelizmente, não é o que se passa. Por mais que me agrade a perspectiva de os jogos terem neste momento uma maior dose de incerteza, não tenho bem a certeza de que isso seja necessariamente o reflexo de uma melhoria de qualidade quer do campeonato, quer das equipas nele envolvidas.
Por um lado, é mais ou menos incontestável que as equipas ditas "pequenas" estão bastante mais apetrechadas, quer ao nível das infra-estruturas, quer ao nível dos responsáveis técnicos e das qualificações destes. Ou seja, por si só, as equipas que lutam constantemente pela manutenção e pela Europa foram conseguindo encurtar distâncias face aos três crónicos candidatos ao título.
No entanto, não creio que essa seja a única resposta. Na realidade, creio que o nivelamento se rege bastante mais pelo andamento das equipas grandes - e estas têm vindo a perder sucessivamente poder de compra, sendo contudo obrigadas a manter as exigências. Senão, vejamos: nos últimos 5 anos, o futebol português perdeu Ronaldo, Quaresma (duas vezes), Simão (duas vezes), Anderson, Ricardo Carvalho, Deco, Nani, Boswingwa e Pepe, por exemplo, não falando de Maniche, Costinha, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Derlei (agora regressado), Danny (o tal dos 30 milhões de euros do Zenit), entre muitos outros. Com efeito, nenhum dos três grandes foi conseguindo fazer frente à procura de novos talentos e à venda dos seus melhores activos, em grande parte necessária para o equilíbrio das contas, uma vez que os clubes portugueses continuam sem saber como vender o seu produto - mas isso será tema para outra conversa.
Como conclusão, e porque as análises costumam ser bastante subjectivas, lanço apenas a questão dos resultados das equipas portuguesas nas competições europeias, em primeiro lugar. O Guimarães não conseguiu sequer chegar à Liga dos Campeões frente ao modestíssimo Basileia e muito menos logrou vencer o Portsmouth. O Setúbal foi copiosamente afastado por uma equipa do meio da tabela holandesa. Tanto FC Porto como Sporting foram absolutamente dizimados no reduto do cabeça de série do respectivo grupo e manifestam algumas dificuldades. Do lote, creio que apenas o Braga conseguiu remar contra a maré e aplicar "chapa três" a uma equipa com um orçamento várias vezes superior ao seu. Em segundo lugar, gostaria apenas de referir que, neste momento, as equipas portuguesas têm três saídas: contratação de jogadores de créditos mais ou menos firmados, mas em sentido descendente (Reyes ou Aimar, por exemplo), investimento claro e assumido nas camadas jovens e tentativa de máxima rentabilização e contratação de jogadores (ainda jovens) dos mercados de segunda e terceira linhas na esperança de descobrirem "pérolas" no meio da areia antes dos tubarões europeus. Com estes pressupostos, é difícil fazer uma equipa, quanto mais mantê-la.
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