Friday, March 16, 2012

Sporting termina em desespero, depois de primeira parte perfeita


Equipas e movimentações iniciais

Ambas as equipas de Manchester tinham uma última oportunidade para passar à fase seguinte da Liga Europa. A tarefa do City parecia ser mais verosímil, mas Mancini não quis arriscar novamente, optando por um onze bastante diferente para a segunda mão. Em vez dos médios defensivos De Jong e Barry, o treinador italiano preferiu contar com Pizarro e Touré no centro e Johnson no lugar de Milner. Mancini parecia ter aprendido o suficiente sobre o seu adversário e pretender contrapor uma nova estratégia.

A presença de Pizarro significava que o City era capaz de orquestrar os seus ataques a partir de posições mais recuadas, em vez de ficar à espera do génio de David Silva. O principal ponto forte de Pizarro é a sua capacidade de fazer girar a bola de um lado para o outro e efectuar longos passes diagonais para os flancos. Na verdade, essa parecia ser a principal via para o City chegar ao golo - Pizarro (ou Yaya Touré) tentavam rodar a bola e, em seguida, lançar Johnson na direita. Com Micah Richards a subir e Yaya Touré do mesmo lado, havia muito espaço para o Sporting contra-atacar.

Quanto aos leões, a imagem mais abaixo é um exemplo perfeito da sua estratégia - com efeito, não diferia em muito do plano do primeiro jogo. A equipa lisboeta entrou bem no jogo, com zonas de pressão claramente definidas e com tendência para explorar o espaço nas costas de Richards. No entanto, essa mesma estratégia podia não ser a mais indicada para este caso - uma vez que Pizarro comandava as operações numa área a que o Sporting não estava preparado para chegar.

Sporting disposto num clássico 4x4x2, com Izmailov numa posição mais central
Um dos principais desafios para qualquer adversário do City passa por saber como anular David Silva. Ricardo Sá Pinto optou novamente por fazer uso de Izmailov numa posição mais central do que Capel, mas, desta feita, o médio russo roçou quase a marcação individual ao mágico espanhol. Com isso, Kolarov tinha liberdade para subir pelo seu flanco, o que obrigava Carriço a fazer a compensação, de modo a garantir que a equipa portuguesa tinha sempre superioridade numérica nas alas.

Izmailov ocupou frequentemente zonas mais centrais do que Carriço e Schaars, na marcação a Silva
Ao invés, isso significava que o Sporting tinha grande facilidade em criar desequilíbrios nesse flanco, dado que Silva nem sempre recua nas suas tarefas defensivas e tanto De Jong como Barry  estavam ausentes para compensar. Na outra ala, Capel mostrava uma vez mais que poderá nunca vir a revelar todo o seu potencial - as suas movimentações e tomadas de decisão são estranhamente semelhantes às de um extremo do fim do século passado.

Os dois golos leoninos tiveram origem no (invulgar) mau posicionamento defensivo do City. O primeiro resultou de um fantástico livre directo de Matías Fernández, com origem numa desastrada tentativa de desarme de Balotelli sobre Insúa, que tinha (mais uma vez) ocupado o espaço nas costas de Yaya Touré. O segundo foi ainda mais inexplicável, uma vez que surgiu no seguimento de uma bola a 60 metros da baliza. Polga fez um passe longo para a ala direita e a má decisão de Savic de disputar o lance aéreo foi agravada pela total ausência de cobertura do resto da sua equipa para a segunda bola. O Sporting chegava ao intervalo com dois golos de vantagem - e com toda a justiça.

Savic chega tarde à disputa de bola, com uma péssima cobertura da sua equipa.
Note-se a distância relativamente aos seus companheiros
Mancini substituiu Johnson por De Jong para a segunda metade, optando por um 4x2x3x1, com Pizarro e De Jong ao centro. O treinador italiano parecia admitir finalmente que fazia pouco sentido continuar a insistir nas alas, uma zona onde o Sporting tinha clara vantagem numérica. O primeiro golo do City foi um seguimento lógico desse raciocínio, com Balotelli a criar uma indecisão nas marcações e abrindo espaço. O 4x4x2 clássico do Sporting era fácil de contornar pelo centro e, assim que o City o percebeu, o mal estava feito.

Para além disso, a substituição de Ricky van Wolfswinkel e Matías significava que o Sporting não tinha como sair na transição ofensiva e que o City podia carregar ainda mais. Os leões começaram a dar sinais de cansaço e a grande penalidade cometida desnecessariamente por Renato Neto apenas piorou o cenário. Os portugueses terminaram o jogo em desnecessário desespero, forçados a recorrer às últimas forças para tentar evitar aquilo que seria um desfecho trágico e, no global, injusto.

O desempenho de Pereirinha e Izmailov é de louvar. O português não fugiu à regra: ponderado, criterioso e com uma óptima leitura de jogo. O jogador russo foi um verdadeiro herói, não sendo habitual ver um jogador do seu calibre empenhar-se em prol da equipa.

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