Tuesday, February 10, 2009

A história de uma vaca


Carlos Queiroz, seleccionador nacional, abordou ontem a questão da convocatória de alguns jogadores menos conhecidos, mudando desde já o hábito que se vinha instalando de singela colocação da lista de convocados na Internet sem mais adendas. Para além disso, mudou também outros hábitos, como, por exemplo, o de justificar alguns convocados ou até de falar do futuro da selecção a longo prazo, ou ainda de sacrificar algumas "vacas sagradas", como Bosingwa ou Quim. O seleccionador comparou ainda a selecção a uma vaca, que, se não for alimentada e cuidada, deixará de dar leite a médio prazo, deixando implícita a justificação de uma renovação da selecção nacional.

Não querendo de todo crucificar Scolari (para tal, ver texto mais abaixo), creio que Queiroz veio no momento certo. Poderemos discutir noutro lado se o ex-treinador adjunto do Manchester United é a pessoa certa para treinar a selecção nacional, dadas as suas características e perfil pessoais, mas não tenho grandes dúvidas em afirmar que Queiroz veio trazer uma lufada de ar fresco a algumas gavetas que estavam fechadas há demasiado tempo.

Parece que, finalmente, os amigáveis podem ser utilizados para experimentar outros jogadores que não apenas o núcleo duro. Ao que parece, os jogadores que não cumpram os mínimos que Queiroz julga razoáveis deixam de ser chamados. Parece também que não é preciso jogar em determinados clubes ou campeonatos para se ser chamado. Parece ainda que ser jovem e ter potencial não é necessariamente uma condição para não jogar nas equipas de Scolari.

Bem sei que muitos dirão que não é assim que se cria um grupo, uma verdadeira família. Mas quem disse que era essa a forma certa de fazer uma selecção? Não deveria o responsável máximo das selecções ter uma preocupação a longo prazo com o futuro das várias equipas nacionais? Será difícil estabelecer a co-relação entre os feitos de Scolari e o desaparecimento da selecção nacional de todas as competições de formação? Qual foi o contributo do treinador brasileiro para o desenvolvimento da modalidade em Portugal? Sim, trouxe as bandeiras e os cachecóis e um amor à selecção como nunca antes se vira (excepto o Euro '96), mas isso por si só é suficiente? Quem devemos responsabilizar pela asfixia das camadas jovens das nossas selecções que haverão de nos representar daqui a alguns anos? Onde estão os substitutos de Figo, Rui Costa, Baía ou Fernando Couto?

1 comment:

all the cats are gray said...

poderemos dizer então, para concluir, que é chegado o tempo das "vacas magras"...