O FC Porto fez na passada terça-feira uma das suas melhores exibições de sempre na Europa. É justo prestar uma homenagem a Jesualdo Ferreira - não só pelo jogo contra o Manchester United, mas, acima de tudo, pelo período que distou entre a sua contratação e o dia de hoje.
Na verdade, o jogo em Manchester foi para mim o apogeu de uma linha cronológica que começou quando Jesualdo foi contratado para colmatar a vaga deixada em aberto pelo errático Co Adriaanse. Pegando numa equipa que não tinha sido montada à sua imagem, o treinador portista foi capaz de ser campeão nessa época, não logrando convencer a tradicionalmente exigente massa associativa portista. Na época seguinte, mais do mesmo, incluindo exibições muito pouco convincentes frente a adversário do mesmo gabarito, excepção feita à exibição produzida na Luz a seguir a mais uma derrota europeia.
No entanto, foi neste ano - depois de perder Quaresma, Bosingwa e Paulo Assunção - que Jesualdo mostrou os seus verdadeiros dotes, quanto a mim. Ao ver-se forçado a reconstruir uma equipa (por muito que alguns jogadores importantes tenham ficado, a forma de jogar de equipa teve de ser radicalmente alterada, o que muda muitos processos) e a contornar o constante apagamento de Lucho González, o treinador azul e branco mostrou a sua verdadeira fibra e terá, digo eu, convencido de vez os adeptos portistas. Ser capaz de, em pouco tempo, passar da equipa frágil e sem identidade que perdeu contra Leixões e Dínamo de Kiev em poucos dias (não esquecendo a copiosa derrota contra o Arsenal) para a equipa que mostrou aos excessivamente confiantes adeptos ingleses que também se pode jogar bom futebol fora da sua ilha não está ao alcance de muitos. Pelo facto, tiro o meu chapéu.
Gostaria no entanto de fazer uma pequena ressalva. Não obstante todos os méritos apontados a Jesualdo, continuo firme nas minhas convicções (que creio serem validadas pelas mais recentes exibições dos dragões) segundo as quais o melhor caminho para o sucesso passa por uma identificação clara dos nossos objectivos e não nos encolhermos perante nomes teoricamente mais sonantes, como o técnico portista fez não raras vezes frente a clubes mais cotados. Talvez o maior mérito de Jesualdo seja o facto de ter conseguido aprender com os seus próprios erros. Acima de tudo, interessa sermos melhores hoje do que éramos ontem. Esse é para mim o principal indicador de sucesso.
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