Ouvi tantas e tantas vezes esta expressão, que, aos poucos, fui-me alheando da mesma. Já não conseguia entusiasmar-me mais com os comentadores que a atiravam a eito, muitas vezes sem que disso houvesse reflexo no que estavam a reportar. No entanto, é impossível não sentir uma alegria de alguma forma contagiante quando se utilizam as palavras "Mantorras" e "Futebol". Não sei ao certo o que aconteceu ao jogador angolano que o impediu de mostrar tudo o que tinha em si, mas, ao fim de tantos anos da sua via crucis, Pedro Mantorras continua a dar alegrias aos benfiquistas - mesmo que seja apenas por se levantar do banco para aquecer.
Todos nós vamos de uma forma ou de outra aos estádios à procura de algo que sublime as nossas tendências, que represente aquilo que gostaríamos que a nossa vida fosse - mais artística, mais batalhadora, mais resiliente. Uma outra parte de nós não consegue deixar de sentir uma certa empatia pelos protagonistas de contos de fadas ou de histórias de azar, como é o caso do 9 encarnado. Como tal, estou certo de que houve muitos adeptos de outras cores que não deixaram de sorrir quando viram Mantorras fazer aquilo que os diversos avançados do Benfica não conseguiram fazer em muito mais tempo em campo, numa simplicidade extrema, como se não fosse difícil.
Basta atentar nos sorrisos abertos dos adeptos benfiquistas, como se o resultado tivesse de repente deixado de ser o mais importante de uma partida de futebol...
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