Tuesday, February 28, 2012

Um candidato em definitivo

Equipas e movimentações iniciais
Num dérbi minhoto extremamente apetecível que opunha duas equipas em excelente momento de forma, o Sporting de Braga foi mais forte e tornou impossível esconder a sua candidatura ao título, distando 3 pontos de FC Porto e Benfica, antes do clássico da próxima sexta-feira. Por seu turno, havia alguma expectativa face à prestação do Vitória de Guimarães no reduto do seu arqui-rival, tendo vencido o líder Benfica na jornada transacta.

Uma das expressões mais batidas no futebol afirma que os sistemas não ganham jogos, uma vez que não passam do papel. No entanto, sem contestar de forma alguma a validade de todos os sistemas e respectivas dinâmicas, há algumas disposições tácticas que oferecem uma ocupação mais racional do espaço em termos teóricos. Este encontro permitiu um confronto típico entre o 4x3x3 (em estreia quase absoluta) de Leonardo Jardim e o 4x2x3x1 de Rui Vitória, que rapidamente se percebeu ser um 4x4x1x1, na prática.

  • 1. O duelo táctico:
Em organização defensiva, o Vitória formava duas linhas de quatro homens. Em parte por ter certamente analisado o seu adversário e em parte por necessidade (Mossoró não tinha condições físicas para ser titular), o treinador do Sporting de Braga lançou Ruben Amorim no onze titular, invertendo o seu triângulo. Dessa forma, os visitados tinham uma enorme facilidade em criar triangulações nas alas entre o defesa-lateral, o médio e o extremo - especialmente no lado direito - e, com essa simples movimentação, contornar as duas linhas defensivas do adversário, conforme se pode ver mais abaixo.



Uma simples triangulação criou uma jogada que por pouco não deu golo

Como se esse pormenor táctico não bastasse, Rui Vitória surpreendeu ao dar todo o tempo do mundo a Hugo Viana quando este estava em posse da bola, particularmente tendo em consideração que a eliminação dos bracarenses às mãos do Besiktas mostrou à evidência quanto a marcação incisiva a Hugo Viana prejudica o jogo do resto da equipa.

  • 2. O duelo dos guarda-redes
Qualquer discussão em torno de sistemas tácticos, modelos de jogo ou dinâmicas dentro do próprio de jogo são temas vãos quando uma equipa se apanha a perder ao terceiro minuto através de um erro de um jogador seu. Quando esse mesmo jogador (particularmente numa posição tão sensível quanto a do guarda-redes) repete o mesmo erro passados 15 minutos, a equipa ressente-se da falta de confiança e tem tendência a jogar a medo. Do outro lado, Quim exibiu quanto evoluiu ao longo dos últimos tempos ao mostrar mais uma vez ter perdido a tendência que tinha também de sair com pouco a-propósito.



  • 3. A transição defensiva
Um dos aspectos em que este Sporting de Braga de Jardim se mostra mais forte reside precisamente na transição defensiva - ou seja, no momento imediatamente a seguir a perder a posse de bola. Com efeito, a reacção dos bracarenses à perda da bola mostra-se cada vez mais evoluída, conseguindo não só evitar que o adversário desfira os seus contra-ataques, mas logrando inclusivamente recuperar o esférico em zonas muito adiantadas. No exemplo, mais abaixo, note-se o número de jogadores do Sporting de Braga que se aproxima da bola, numa jogada em que esta havia sido perdida poucos metros e segundos antes. Este momento, tantas vezes desprezado pelos treinadores, é muitas vezes uma das principais diferenças entre equipas medianas e equipas maduras, capazes de outros voos.

Reacção rápida à perda da bola
O resultado final (4-0) será porventura o reflexo da expulsão de Freire ainda antes do fim da primeira parte, numa altura em que a sua equipa perdia já por dois golos de diferença, obrigando-a a expor-se a contra-ataques no processo. Ainda assim, estes três factores ajudam a mostrar que, mesmo que o defesa-central vitoriano não tivesse sido expulso, o Sporting de Braga continuaria mais próximo de vencer o jogo e - com isso - de se assumir como um verdadeiro candidato ao título.

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